A rigor, a chamada tríplice aliança aconteceu duas vezes em Santa Catarina. Em 2006 quando PMDB, PSDB e PFL apoiaram a reeleição de Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e quatro anos depois quando os mesmos partidos – pefelistas rebatizados como DEM – fecharam com Raimundo Colombo (DEM). Esses dois momentos guardam semelhanças com estes dias que encerram o período da confirmação das candidaturas a governador.

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Nos dias que antecederam os acordos de 2006 e 2010, os três partidos tinham candidaturas próprias inarredáveis. Nenhuma convenção havia sido realizada ainda, mas os projetos eram garantidos por pré-candidatos e cúpulas partidárias. Na primeira vez, estavam no páreo o PFL de Colombo e o PSDB do então senador Leonel Pavan (PSDB). Até o último momento, os pefelistas tentavam o apoio de Esperdião Amin (PP) – que acabou decidindo ser candidato ele mesmo. O pepista alegou que estava melhor nas pesquisas.

Sem Amin, Colombo aceitou uma carona de Florianópolis a Joinville oferecida por Luiz Henrique, candidato à reeleição. Em duas horas de conversa, acertaram os ponteiros e o ex-prefeito lageano virou senador. A composição PMDB/PFL assustou os tucanos e Pavan entrou no time – trocando os quatro anos de mandato que ainda teria no Senado pela vaga de vice-governador.

Reeleito LHS, os quatro anos seguintes foram um longo ensaio para as pré-candidaturas de Colombo, Pavan e do peemedebista Eduardo Pinho Moreira – que aceitara não concorrer à reeleição como vice-governador para viabilizar a ampliação da coligação. Mais uma vez, três projetos que duraram até os últimos dias antes do fim do prazo das convenções. Pinho Moreira chegou a vencer uma prévia contra o então prefeito florianopolitano Dário Berger. Com a renúncia de LHS para concorrer a senador, Pavan herdou o governo e a disposição de disputar a eleição – fragilizada pela citação em investigação do MP-SC por suposto tráfico de influência junto a uma empresa de combustíveis com dificuldades junto à Fazenda. Mesmo assim, o tucano garantia que concorreria.

LHS fez o que pode para desidratar a candidatura de Moreira, que acabou aceitando na última hora ser vice de Colombo. A aliança entre os dois gerou a pressão do PSDB nacional para que Pavan desistisse em nome de ampliar o palanque para o presidenciável José Serra (PSDB). Estava mais uma vez montada a tríplice aliança.

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Voltando a agosto de 2018, constatamos três candidaturas inarredáveis e rumores de composição para uma ampla aliança. Gelson Merisio (PSD), Esperidião Amin (PP) e Paulo Bauer (PSDB) foram homologados nas festivas convenções de seus partidos nos últimos dois finais de semana. Até domingo, todos tinham todas as garantias da cabeça-de-chapa. Nestes cinco dias, no entanto, todas as conversas de entendimento negadas no último ano passaram a ser feitas. Nos ensaios, as maiores possibilidades são de que as três candidaturas permaneçam ou que nenhuma delas se confirme – Napoleão Bernardes (PSDB) seria o nome da unidade. Se valer a regra de 2006 e de 2010, se dois partidos se acertarem, o terceiro vem correndo para fechar.

Nos bastidores, alquimistas políticos tentam fundir candidaturas

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