Os diretórios estaduais do MDB do Sul do Brasil criaram um fato político ao apresentar nesta segunda-feira (2) uma chapa com o histórico ex-senador gaúcho Pedro Simon e a expoente senadora sul-mato-grossense Simone Tebet para enfrentar a atual cúpula nacional da sigla na convenção de outubro. Nas próximas semanas saberemos se esse fato representa uma disputa para valer ou se é – para lembrar o velho MDB da resistência à ditadura – uma anticandidatura.
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Nos bastidores, aposta-se que o grupo ligado ao ex-presidente Michel Temer e a Romero Jucá, atual comandante da sigla, terá como nome o deputado federal Baleia Rossi, paulista. Um nome de bom trânsito, mas com poucas condições de significar um ânimo para as bases partidárias.
Esse nome poderia ser o de Simone Tebet, mas ela reluta em aceitar o posto. No início do ano ela também integrou as discussões de uma frente anti-Renan Calheiros (MDB-AL) na disputa pela presidência do Senado, mas acabou desistindo do confronto interno.
Diante dessa relutância, surgiu o nome de Simon. Senador pelo Rio Grande do Sul entre 1979 e 2015, com apenas um hiato no final dos anos 1980, quando governou seu Estado, o histórico emedebista sempre esteve na contramão da sigla – uma espécie de ombudsman, termo do jornalismo para o profissional que ganha para criticar o próprio veículo. Mesmo assim, raramente enfrentou diretamente a notória cúpula fora dos discursos.
Entusiasta do movimento, o presidente estadual do MDB, deputado federal Celso Maldaner, acredita na chapa Simon/Simone. Até outubro devem continuar os movimentos para que a senadora assuma a condição de candidata de oposição. Da mesma forma, o atual comando vai tentar trazê-la para um consenso com Baleia Rossi.
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Na história recente do MDB, nunca perdeu dinheiro quem apostou nesse tipo de consenso. Até porque o gigantismo do aparelho emedebista – maior número de prefeitos e vereadores em todo o país, especialmente em Santa Catarina, pode levar os dirigentes a acreditar que mesmo desgastada a legenda tem mais condições de sobreviver ao fim das coligações proporcionais que outros partidos que orbitam o centro do espectro político.
É uma aposta e não são poucos os caciques partidários dispostos a transformar a urna em roleta ano que vem. Certo é que o MDB anseia por novidade – nada mais MDB que essa novidade, neste momento, seja encarnada pelo quase nonagenário ex-senador gaúcho.