A deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania) disse não ao convite do governador Carlos Moisés (PSL) para assumir a Secretaria Estadual de Saúde, mas se colocou à disposição para atuar junto ao governo nas políticas de combate à pandemia do coronavírus. Em meio à sessão da Câmara dos Deputados em que era votada a PEC do “orçamento de guerra”, a lageana explicou porque recusou o convite para voltar à pasta que pilotou no segundo governo de Luiz Henrique (PMDB).
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Leia a entrevista:
Por que senhora não aceitou o convite do governador Carlos Moisés?
Acho que nesse momento eu consigo ajudar mais agregando as duas coisas: o trabalho que estou fazendo em Brasília e o apoio ao Estado de Santa Catarina. Meu sentimento, de coração, é de que posso ajudar mais o nosso Estado sem ser secretária neste momento. Poderei, sim, continuar ajudando Santa Catarina. Quero ajudar muito mais e para isso preciso também ser demandada.
Acredita que após esse convite e a conversa com o governador, será mais demandada?
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Eu estou à disposição.
Como foi sua conversa com o governador?
Foi nesse sentido. O tema é tão importante, tão relevante, que eu vim de Brasília para conversar com o governador. Não me limitei a uma videoconferência porque a gente precisava ter essa conversa mais próxima. Eu precisava ouvi-lo e também colocar meu ponto de vista sobre esse tema.
Podemos entender que a senhora cogitou assumir o cargo?
Não, não significa isso. A nossa conversa foi além do sim ou não. Quando me coloquei à disposição para ajudar nas ações de tratamento da pandemia, podendo ficar em Santa Catarina quatro dias e me deslocando para Brasília dois dias, é para realmente ajudar. Eu entendo que o momento exige de todos nós desprendimento. Eu posso ajudar sem precisar ser a secretária.
O governador chegou a pedir alguma indicação para o cargo?
Não falamos de substituição. Até me coloquei à disposição se ele entendesse que eu poderia coordenar um grupo de trabalho com entidades e especialistas enquanto alguém tocava a secretaria interinamente. Continuo à disposição para ajudar o governo de Santa Catarina, porque ajudando o governo, vamos estar ajudando a nossa população.
A senhora vai estar mais próxima do governo estadual? A conversa com o governador estreitou isso?
Eu já fiz a conversa com o governador, nós vamos ter inclusive uma reunião virtual com o Samy Dana, matemático da Fundação Getúlio Vargas, e a equipe dele, porque temos discutido muito na nossa comissão externa (criada na Câmara dos Deputados para acompanhar as ações de combate à pandemia) os parâmetros para termos mais segurança no enfrentamento. Problemas nós vamos ter, risco de óbitos também. O que não podemos ter em Santa Catarina e vamos lutar todos muito contra isso é que aqueles que precisem de atendimento na rede de saúde não tenham acesso. Vamos lutar para quem precisar ter um leito de UTI, possa ter um leito de UTI.
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Como a senhora avalia a condução da Secretaria de Saúde nesta crise até o momento?
O Estado de Santa Catarina construiu plano de contingência, construiu junto com os secretários municipais e a rede de hospitais filantrópica a expansão dos leitos de UTI-Covid. Vários desses leitos foram habilitados. Foram duas portarias (do Ministério da Saúde) que já habilitaram esses leitos, mas eles não são suficientes. Com os leitos que já estavam habilitados que foram colocados à disposição para internar pacientes covid, com os leitos ampliados, a gente chega próximo a 300 leitos, nos nosso cálculos. Mas a gente tem um desenho de, a princípio, 400 leitos. Para isso a gente precisa dos respiradores. Tem um conjunto de leitos que para Brasília habilitar precisa do respirador.
A senhora cita a necessidade de mais respiradores e foi justamente a polêmica compra de 200 respiradores ainda não entregues que levou à demissão do secretário Helton Zeferino. Como avalia essa questão?
Independente dessa questão, que cabe aos órgãos de controle externo fazer a apuração dos fatos, uma coisa é realidade: nós precisamos dos respiradores. Se não tivermos, não teremos mais leitos de UTI. Os pacientes que vão para uma unidade de terapia intensiva com covid estão comprometidos na sua respiração, não conseguem respirar sozinhos.
A possibilidade da senhora ser candidata a prefeita em Lages pesou na decisão de não assumir a secretaria?
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Não, nem um pouquinho. De coração aberto, sem nenhuma preocupação com outra coisa. Sempre me ouviram dizer que o foco de todos nós agora deve ser o combate a essa pandemia. Todos nós temos um inimigo comum e esse nosso inimigo é invisível. A gente sabe como ele se comporta, mas a gente não tem toda a segurança de como ele vai se comportar no nosso Estado e no Sul do Brasil, em especial nós que vamos enfrentar o frio. Estamos acompanhando muito de perto a questão do Estado do Amazonas, hoje estive em videoconferência com profissionais de enfermagem e medicina do Rio de Janeiro, a gente sabe a situação de São Paulo. Nós aqui, graças a Deus, ainda estamos com uma taxa de utilização de leitos que a gente pode dizer que ainda estamos em uma situação confortável. Mas não podemos facilitar e precisamos de mais leitos de UTI, sim.