A judicialização via mandados de segurança é quase uma etapa informal do rito dos processos de impeachment. É essa etapa que vivemos desde o final da semana passada, com o questionamento do governador Carlos Moisés (PSL) ao rito aprovado pela Assembleia Legislativa, o que permitiu à política catarinense dar uma respirada depois de semanas tensas.

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A novidade foi a apresentação de mais um pedido contra Carlos Moisés e a vice-governadora Daniela Reinehr, na segunda-feira, assinado por um grupo de juristas e empresários liderados pelo advogado Leonardo Borchardt. A peça mistura o confuso caso da equiparação salarial dos procuradores – tema do processo já aberto – e a polêmica compra dos respiradores fantasmas a outras denúncias como a tentativa de instalação de um hospital de campanha em Itajaí e até os gastos na residência oficial da vice-governadora.

É um pedido que poderia receber o apelido de “impeachment do conjunto da obra”, que por enquanto apenas cumpre o objetivo de manter vivo o assunto, mas que pode – lá na frente – ser uma alternativa ao pedido apresentado pelo defensor público Ralf Zimmer. Por mais que o lustre seja diferente, eles têm a mesma alma: afastar Moisés e Daniela para promover novas eleições. Se fosse para tirar apenas o governador do cargo, o caso dos respiradores seria suficiente.

Por isso, parte da salvação de Moisés – além de garantir que pelo menos 14 deputados votem com ele ou pelo menos se abstenham – é fazer também a defesa de Daniela Reinehr. Se o parlamento a quisesse governadora, ela seria. Não quer.

No final de semana passado, Moisés e Daniela quebraram o gelo com uma conversa no Centro Administrativo. Não reataram, mas teriam pelo menos acertado um pacto de não-agressão. É um passo. O tratamento dado à vice em 2019, especialmente no auge do poder concedido ao ex-secretário da Casa Civil Douglas Borba, beirava a humilhação – e às vezes ultrapassava, como quando ela foi sumariamente retirada de grupos de Whatsapp. Uma aliança entre governador e vice é vital para que ambos continuem governador e vice. Será isso ou será nada.

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Alesc na pandemia

Saguão de entrada da Alesc
Saguão de entrada da Alesc (Foto: Diórgenes Pandini)

Com limitação de acesso de dois funcionários por gabinete e restrições aos visitantes, a Assembleia Legislativa continua funcionando ao estilo novo normal. Até o final do ano, pelo menos, será mantido o modelo de sessões mistas – parte dos deputados presentes no plenário, parte em home office. Uma voltinha lá dentro deixa claro que as conversas ao pé do ouvido continuam, como sempre.

Frase da semana

“Isso é aqui é uma piada! Contribui com Santa Catarina no quê, quando nos falta tempo e condições para discutir o que realmente é necessário para a vida do cidadão”.

Paulinha (PDT), cada vez mais líder do governo, criticando no plenário a pedido de impeachment apresentado por Ralf Zimmer.

Polêmica ala

Carlos Moisés no Tereza Ramos
Carlos Moisés no Tereza Ramos (Foto: Maurício Vieira, Secom/Divulgação)

Carlos Moisés foi a Lages esta semana para, entre outras ações, ativar os leitos da nova ala do Hospital Tereza Ramos. Se encerra, assim, em plena pandemia, uma arrastada polêmica política na região. O ex-governador Raimundo Colombo, lageano, queixava-se publicamente que deixara a obra pronta e que o governo demorava para botá-la a funcionar. A estrutura receberá, neste primeiro momento, 28 leitos de UTI exclusivos para o tratamento de covid-19.

De volta

Por falar em Raimundo Colombo, o ex-governador está de volta às especulações eleitorais. Absolvido no caso das delações da Odebrecht, ele entra entre os cotados para as eleições de 2022. Na entrevista que me concedeu esta semana, Júlio Garcia cita Colombo como uma das opções do PSD para voltar ao poder, junto com o deputado estadual Milton Hobus e o ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes. Seis meses atrás, não citaria.

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Eleição de Palhoça

O quadro eleitoral de Palhoça, na Grande Florianópolis, começa a se definir com a escolha do candidato do prefeito Camilo Martins (PSD): será Eduardo Freccia (PSD), ex-secretário de Infraestrutura. Enquanto isso, a oposição conversa para tentar não se fragmentar. Na última segunda-feira, um encontro de pré-candidatos reuniu nomes como o jornalista Sérgio Guimarães (PL), o militar Ivon de Souza (PSL) e o ex-prefeito Ronério Heiderscheidt (MDB). Eleição em Palhoça nunca é monótona.

Concisas

– O leonino Carlos Moisés completa 53 anos no dia 17, segunda-feira. Se astrologia vale de alguma coisa, termina o inferno astral.

– Na bancada do MDB o impeachment de Moisés e Daniela ainda está vencendo por 5 a 4. Pelo acordo dos emedebistas, os nove votarão juntos.

– Enquanto isso, a bancada petista deve nacionalizar o debate. Na quinta-feira, o tema foi discutido em videoconferência com o ex-ministro José Eduardo Cardozo.

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