Volta e meia escrevo aqui que alguém está fazendo política e isso é visto como uma crítica. Entendo esse sentimento, que decorre de anos de desmoralização da classe política – muito por culpa dela mesma. Assim, política virou sinônimo de politicagem, sinistros acordos de bastidores, troca de favores e corrupção. Boa parte da onda de renovação veio permeada por um sentimento de antipolítica que faz alguns eleitos fugirem da palavra que agora designa sua profissão.
Continua depois da publicidade
Digo isso por dois motivos. O primeiro é pelo meu esforço pessoal de desestigmatizar a palavra “política”. Espero que me ajudem nisso, porque é uma longa e complicada tarefa. E segundo é porque o governador eleito Carlos Moisés da Silva (PSL) abrirá esta semana fazendo política. Boa política, aquela que precisamos separar da politicagem.
Entre segunda e terça-feira, ele recebe no Centro Administrativo todas as bancadas partidárias eleitas para a Assembleia Legislativa. Todos os 40 deputados estaduais consagrados na urna em outubro, sem uma distinção inicial de situação ou oposição. Assim, Moisés dá início formal a um canal de diálogo iniciado na Alesc pelo futuro líder do governo, deputado estadual eleito Onir Mocellin (PSL), mas que ganha peso com a conversa direta do futuro comandante do Centro Administrativo.
Depois de algumas concessões à questão partidária – as indicações dos pesselistas Lucas Esmeraldino para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Diego Goulart para a Secretaria de Articulação Nacional -, o governador eleito voltou ao trilho das escolhas anteriores ao apontar Maria Elisa de Caro para comandar a Secretaria de Desenvolvimento Social (atual Assistência Social, anabolizada pela inclusão do Esporte e da Cultura).
Continua depois da publicidade
Ela foi adjunta da pasta de Justiça e Cidadania no início do governo Raimundo Colombo (PSD), de onde saiu por iniciativa própria após as primeiras ondas de atentados em 2012. Voltou no segundo mandato para ocupar a diretoria de Direitos Humanos na própria pasta que agora comandará, a convite do então secretário Geraldo Althoff. Nessa função, cuidou da questão dos imigrantes que vêm para Santa Catarina.
Bolsonaro define prioridades para o período da lua de mel
O perfil de Maria Elisa tem alguma relação com o de Leandro Lima (Administração Prisional e Socioeducativa) e Paulo Eli (Fazenda) – neste caso, sem as vinculações emedebistas dos dois. O trio conhece a máquina do Estado por dentro, têm qualificação técnica para as funções, mas na maior parte do tempo esteve subordinado a secretários de perfil político-partidário. Agora ganham a chance de serem os verdadeiros comandantes das áreas em que atuam.
É um bom caminho para um governo eleito à margem da política tradicional e sob os quais ainda pairam dúvidas sobre o conhecimento da máquina estadual. Aguarda-se se esse será o critério também nas escolhas para as pastas de Educação, Agricultura, Infraestrutura e o primeiro piloto do novo modelo de comando da Secretaria de Segurança Pública. E que venham fazer boa política.
Continua depois da publicidade