Em pelo menos uma característica o governo de Carlos Moisés (PSL) termina 2019 muito diferente do que começou. Em seus primeiros movimentos no comando do Estado, o governador isolou-se do PSL – especialmente das indicações de deputados federais e estaduais eleitos e das expectativas dos suplentes de ganhar espaço na máquina. Prometeu gestão técnica e não partidária, como disse na campanha eleitoral.

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Essa postura está na gênese dos conflitos que acabaram apartando as lideranças eleitas pelo PSL em outubro do ano passado. As insatisfações foram crescendo até o racha nacional do partido entre bolsonaristas e bivaristas acabou servindo de desculpa para a divisão em Santa Catarina. Dos dez parlamentares eleitos, apenas o deputado federal Fábio Schiochet não anunciou a disposição de migrar para o Aliança, o futuro partido do presidente Jair Bolsonaro.

Não à toa, Schiochet é presidente estadual do PSL e está alinhado a Moisés na construção do partido desde que assumiu o comando em julho. A partir do momento em que assumiu a sigla no lugar de Lucas Esmeraldino – alijado das questões partidárias a pedido de Moisés – começou a mudar a relação entre governo estadual e partido.

Moisés e Schiochet deram uma condução mais pragmática do que ideológica ao projeto partidário para as eleições de 2020. A diáspora bolsonarista facilitou a manutenção dessa rota. Foi a partir dela que o PSL-SC montou sua nova executiva que entrelaçou de vez governo e partido. O governador foi alçado ao posto antes inexistente de presidente de honra do partido e seu braço direito no governo, Douglas Borba, secretário da Casa Civil, filiou-se para ocupar a estratégica secretaria-geral da legenda. Adjunto da Casa Civil, Matheus Hoffmann Machado é primeiro tesoureiro e coordenador eleitoral da Grande Florianópolis.

Se no primeiro momento o governador isolou os eleitos da composição do governo para separar o que era do PSL do que era da gestão, Moisés encerra o primeiro ano entrelaçando os destinos. De certa forma, é natural. Esvaziado de eleitos, o PSL precisa do governo e do sucesso do governo para viabilizar-se como força política sem a onda Bolsonaro a atrair simpatias e votos.

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O caminho pragmático é claro. Com Douglas Borba na articulação legislativa (Casa Civil) e pré-eleitoral (secretário-geral do PSL-SC) é reforçada a ideia de abraçar o tradicional MDB – ou seja, tentar levar para a urna uma aliança que já existe na Assembleia Legislativa. Florianópolis e Joinville podem ser o emblema dessa união.

Publicado nas edições de DC Revista, AN Revista e Santa Revista de 14/12/2019

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