No final da manhã de ontem, Esperidião Amin (PP) foi até o gabinete 37 da Assembleia Legislativa e deu fim à principal incógnita da eleição estadual deste ano. O pepista foi comunicar a Gelson Merisio (PSD) que será mesmo candidato a governador pela quinta vez. O gesto encerrou as conversas e fez com que – pelo menos por enquanto – a aliança entre pessedistas e pepistas repita a sina de 2014: morrer na casca.

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Ao contrário da véspera, quando conversaram por mais de cinco horas em busca de um entendimento, o diálogo de ontem durou protocolares cinco minutos. Não havia mais o que propor, debater ou negociar. Homologado na convenção do PSD no dia 21 de junho, Merisio defendia o projeto que construiu nos últimos cinco anos e que conta com outras 11 siglas. Por sua vez, Amin argumentava a liderança nas pesquisas e a posição dos que consideram frágil a candidatura do pessedista. O pepista chegou a argumentar que poderia apoiar Merisio em 2022, quando não concorreria à reeleição se eleito.

Sem acordo na quinta-feira, divórcio na sexta. As dúvidas sobre se Merisio poderia provocar um racha no PP, com os delegados do partido escolhendo entre a aliança – com duas vagas na chapa – e o candidatura própria, foram desfeitas ao longo do dia. Um dos principais defensores do acordo com o PSD, Silvio Dreveck admitia no final da tarde que essa votação seria meramente formal, que as bases pepistas aclamariam a candidatura de Amin.

O pacote do pepista tem o DEM do deputado federal João Paulo Kleinübing como candidato a vice-governador, as duas vagas ao Senado ainda abertas e o PV na coligação. Uma composição que garante 1min20seg nos programas do horário eleitoral contra 3min10seg de Merisio, 2min30seg de Mauro Mariani (MDB), 1min23seg de Décio Lima (PT) e 1min03seg de Paulo Bauer (PSDB).

A confirmação de Amin fortelece o cenário das múltiplas candidaturas e daria fim à era das megacoligações na eleição catarinense – iniciada em 1998, quando a Mais Santa Catarina (PP/PFL/PSDB e outras siglas) apoiaram sua vitória em primeiro turno. O modelo foi aperfeiçoado por Luiz Henrique da Silveira (PMDB) em 2006 e beneficiou Raimundo Colombo (PSD) em duas disputas.

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Mas, em se tratando da eleição catarinense, é sempre bom prestar atenção aos últimos dias e horas do prazo das convenções. Neste domingo, o PSDB deve homologar Bauer candidato a governador em chapa pura. As últimas conversas com Kleinübing frustraram os tucanos, que se sentiram usados para valorização de passe. Essa impressão dificulta a composição com Amin, já azedada pelos rumores de intervenção do pepista junto ao presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB).

Enquanto isso, os pessedistas alinhados ao ex-deputado estadual Júlio Garcia (PSDB) ainda tenham convencer Merisio a ser vice de Amin. Temem que sem a parceria com o PP ou com os tucanos, o PSD não só perca a eleição para o governo como reduzam suas bancadas.

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