O próximo almoço da bancada estadual do MDB tem tudo para ser o novo capítulo de uma disputa interna que vem se desenrolando desde o final do ano passado e que tem tudo para acabar em rompimento se alguma frente diplomática do partido não entrar em ação. Maior partido na Assembleia, o MDB tem nove deputados estaduais, mas é inegável a situação de isolamento de Valdir Cobalchini e Moacir Sopelsa.
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A crise teve fato gerador a disputa interna pela candidatura à presidência da Assembleia, mas como sempre acontece nessas questões, traz muitas feridas mal cicatrizadas de outras discussões. Em dezembro, Cobalchini articulava com Júlio Garcia (PSD) para ficar no comando do Legislativo nos primeiros dois anos. Parlamentar mais votado do partido nas últimas três eleições, Cobalchini considerava-se nome natural para liderar esse processo na bancada. Não foi o que aconteceu.
Em discussões internas, Mauro de Nadal apresentou sua candidatura e Sopelsa também manifestou interesse. Nas duras conversas, vieram à tona questionamentos sobre a atuação de Cobalchini nos momentos em que ocupou cargos nos governos de Luiz Henrique da Silveira e Raimundo Colombo e algumas rusgas sobre disputas internas em bases eleitorais comuns. Tudo eclodiu na reunião em que com Cobalchini e Sopelsa ausentes, uma eleição escolheu Nadal por sete votos a zero.
Desde então, os derrotados não ter participado dos encontros da bancada. Nadal não conseguiu articular sua candidatura a presidência, que acabou tomando a direção de Júlio Garcia. Com a maioria da bancada do partido, assegurou a primeira vice-presidência. Na semana que passou, Cobalchini também não foi levado em consideração para as vagas de líder da bancada e presidente da Comissão de Constituição e Justiça, que ficaram com Luiz Fernando Vampiro e Romildo Titon, respectivamente.
Fora das principais posições, Cobalchini dá sinais de que pode deixar a sigla. Sopelsa tem negado a intenção, mas também é citado em conversas. Como não demonstram interesse em participar dos almoços de terça-feira das bancada, foram convocados por ofício. Uma nova ausência criaria uma saia-justa incontornável.
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No momento em que o MDB busca recuperar-se do golpe que sofreu nas urnas em outubro, quando ficou em um inédito terceiro lugar na disputa pelo governo com Mauro Mariani e viu a bancada federal reduzir, o time da Alesc deveria ser o mais tranquilo – considerando que manteve as nove cadeiras.
O que se vê na prática é um impasse em que poucos parecem querer ceder e ninguém aparece disposto a apaziguar. Quando o novo presidente estadual do partido for eleito, em maio, talvez seja tarde demais para conciliação.