Quando Carlos Moisés ainda era o desconhecido candidato a governador do PSL, Lucas Esmeraldino e Douglas Borba estavam a seu lado. O primeiro era o candidato a senador do partido, foco das maiores atenções, projeto maior do time bolsonarista nas eleições de 2018 em Santa Catarina. Faltaram-lhe 18 mil votos, mas acabou recompensado com a importante Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável.
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Borba, por sua vez, deixou de lado as funções como vereador em Biguaçu pelo PP para acompanhar Moisés como uma espécie de assessor especial e marqueteiro político – especialmente no segundo turno contra Gelson Merisio. A vitória do comandante embalada pelo 17 de Jair Bolsonaro garantiu a Borba a Casa Civil e um inusitado protagonismo no governo estadual.
Borba caiu no episódios da compra dos respiradores de UTI que ainda tem muito a ser explicado – tanto pela CPI da Alesc, quanto pela investigação criminal. Esta semana, foi a vez de Esmeraldino deixar o Desenvolvimento Econômico – pasta em que não demonstrou maior aptidão. Em meio a denúncias de irregularidades de indicados seus no Porto de São Francisco, o quase senador ganhou uma embaixada: vai para Brasília tocar a Secretaria de Articulação Nacional.
Sem Borba e Esmeraldino, o governador tem a chance de ouro para reconstruir seu governo em meio à crise política que enfrenta. Na Casa Civil, Amândio João da Silva já conseguiu mudar a lógica que mantinha Moisés isolado politicamente. Um exemplo foi a audiência dada pelo governador ao prefeito blumenauense Mario Hildebrant (Podemos) na quarta-feira, solicitada dois dias antes. O prefeito, que passou 2019 inteiro reclamando da dificuldade de ser atendido por Borba, diz que teve sua melhor reunião de trabalho com Moisés – e teceu elogios a Amandio.
Para a vaga de Esmeraldino, Moisés pediu indicações às principais entidades do setor produtivo catarinenses, reunidas esta semana na Casa d’Agronômica. O governador busca respaldo no PIB, com quem bateu cabeça em vários momentos do mandato. Fala-se muito sobre a necessidade de Moisés reconstruir sua base parlamentar e ainda há um longo caminho para isso. Esse caminho passa, certamente, por prefeitos e empresários.
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Saiu de casa

Durante a semana, o governador Carlos Moisés deixou a Casa d’Agronômica e para roteiros em Joinville e no Oeste do Estado. No Norte, encontrou o prefeito Udo Döhler (foto) e empresários na ACIJ. Os eventos em Ouro, Chapecó e Capinzal foram previamente comunicados aos deputados da região – gentileza que nem sempre acontecia em outros tempos.
Conjunto da obra
O deputado estadual Jessé Lopes (PSL) é figurinha carimbada no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Alesc. Além do pedido de cassação assinado por Paulinha (PDT), Marlene Fengler (PSD), Rodrigo Minotto (PDT) e Vicente Caropreso (PSDB) por ter postado boato contra Carlos Moisés, Douglas Borba e uma assessora, ele tem outros 11 processos por quebra de decoro parlamentar em análise no órgão. Nove são do episódio em que defendeu o direito ao assédio às mulheres no Carnaval, um foi movido pelo suplente Paulo Eccel (PT), que se sentiu caluniado pelo pesselista, e outros dois tratam de críticas debochadas que fez à UFSC e aulas de educação sexual em uma escola pública de Joinville.
Cabeça de Político
O governo não tem se mostrado capaz de criar mecanismos para ter um controle, mesmo que parcial, das ações políticas. E isso é grave. Eu digo isso mesmo sendo um deputado de oposição
Ivan Naatz (PL), deputado estadual e líder da oposição ao governo Carlos Moisés, dizendo que a desorganização da base governista atrapalha até os opositores. Ouça a íntegra da entrevista no podcast Cabeça de Político – também no Spotify, no Google Podcasts e Apple Podcasts.
D’outro plano
Como seriam as conversas entre Moisés e o ex-governador Luiz Henrique, morto em 2015? Na imaginação do jornalista e marqueteiro político Frutuoso Oliveira são divertidas aulas de política em um terreiro de Biguaçu. Há quem acredite que as dicas estão sendo levadas a sério na Casa d’Agronômica. Clique em #conversasembiguaçu para ler os textos publicados semanalmente no Facebook.
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Esquerda junta na Capital
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) escolheu Elson Pereira, de Florianópolis, para abrir uma série de lives com pré-candidatos a prefeito do PSOL nas Capitais. Participando da conversa, a ex-deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB) afirmou que Florianópolis é o lugar onde é maior a possibilidade de uma frente de partidos de esquerda. No mesmo dia da live, 25, o PT da Capital escolheu o vereador Lino Peres como pré-candidato petista. A tendência é a chapa Elson/Lino, com PDT e PCdoB focados nas candidaturas a vereador.
Concisas
– A Defensoria Pública de SC votou de forma virtual a lista tríplice para o próximo defensor público geral. O atual ocupante do cargo, João Joffily Coutinho, não concorreu.
– Foram indicados os defensores públicos Renan Soares de Souza, Jorge Calil Canut Neto, Cassio Kury Lopes. A escolha é feita pelo governador Carlos Moisés e a posse será em setembro.
– Se o coronavírus deixar, serão tomados nesta semana os depoimentos de Douglas Borba, Hélton Zeferino e Márcia Regina Pauli na CPI dos Respiradores.
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