Critique-se qualquer coisa no deputado estadual Ricardo Alba (PSL), menos a intuição. Os números do Instituto Paraná de Pesquisas, contratado pela NSC Comunicação e que o pesselista tentou censurar na Justiça Eleitoral, são bastante desanimadores para sua candidatura a prefeito de Blumenau. Não só porque numericamente perdeu a terceira posição na disputa, mas pela ascensão de um rival que flerta com o mesmo público que ele – o que busca algo diferente aos nomes tradicionais.

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Antes de analisar os números do Paraná Pesquisas em Blumenau, faço o registro sobre essa epidemia de tentativas de censurar pesquisas eleitorais devidamente registradas para publicação. A tentativa de Alba, mal-sucedida, veio na esteira do caso mais rumoroso, com o pedido de Celso Russomano (Republicanos), candidato a prefeito de São Paulo, para barrar o último levantamento do Datafolha. Divulgados esta quinta-feira, após a derrubada da primeira decisão judicial, os números também mostram alguém que tenta usar a censura para negar dificuldades que a campanha claramente apresenta.

Aqui em Santa Catarina, ainda há pesquisas censuradas em pelo menos duas cidades: São José e Lages. Quem ganha com isso certamente não é o eleitor e nem a democracia. Pesquisas não são infalíveis, mas são um dos poucos instrumentos que possibilitam medir o humor do eleitorado antes da votação, criar estratégias de voto, fazer projeções. Não se engane pelo discurso fácil de ser contra pesquisas porque elas supostamente influenciam o voto. Tudo influencia o voto – especialmente o comportamento dos candidatos. 

Se a divulgação de pesquisas fosse proibida, apenas os eleitores não teriam acesso a elas. Os políticos continuariam contratando institutos e utilizando os números para consumo interno – e espalhando rumores a bel prazer. Importante, por isso, registrar a democrática decisão do o desembargador Wilson Pereira Junior, do Tribunal Regional Eleitoral, que acatou recurso da NSC Comunicação e permitiu a divulgação da pesquisa.

De olhos os números, reforço a avaliação do colega Evandro de Assis. Com o salto de de 4,4% para 11,2%, o candidato Odair Tramontin (Novo) surge como fato novo – sem trocadilho – da reta final das eleições em Blumenau. O crescimento acima da margem de erro de quatro pontos percentuais o coloca próximo do segundo colocado João Paulo Kleinübing (DEM), que alcançou 15,2%, e numericamente à frente de Ricardo Alba (PSL), que passou de 7,2% para 8,9%. Assim, Tramontin está tecnicamente empatado com ambos.

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Eleito deputado estadual mais votado do Estado em 2018, a bordo da onda Bolsonaro, Alba imediatamente surgiu como postulante à condição de novidade para esta eleição em Blumenau. O cenário já indicava que o ex-prefeito e ex-deputado federal João Paulo Kleinübing e o atual prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) – líder da pesquisa com 33,2% – poderiam brigar pela faixa da política tradicional e que havia um espaço para uma candidatura que representasse o oposto.

O racha do PSL em 2019 atrapalhou essa caminhada de Alba, que ficou na dúvida entre ser leal ao governador afastado Carlos Moisés (PSL) ou acompanhar os bolsonaristas mais radicais. Ficou em um incômodo meio termo. Foi nesse contexto que surgiram em Blumenau outras candidaturas para brigar pela raia bolsonarista. E foi assim que promotor aposentado Odair Tramontin passou a ser uma possibilidade para os eleitores que buscam um outsider. É isso que mostram os números do Paraná Pesquisas que a candidatura de Alba não queria que o eleitor blumenauense conhecesse.

Na comparação dos levantamentos de outubro e novembro, nota-se a estabilidade nos números de Hildebrandt – favorito para uma vaga no segundo turno – e JPK. Os últimos dias de campanha devem intensificar a briga pela segunda vaga entre o ex-prefeito, Tramontin e Alba. Quem leva, as urnas vão dizer no domingo. O que diz a urna, felizmente, ninguém consegue censurar.

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