Uma queda-de-braço geracional – ou seria um jogo de pôquer? – marca a reta final das composição das coligações da eleição catarinense este ano. Até o início da noite desta sexta-feira, lideranças de PSD, PP e PSDB conversavam entre si e silenciavam sobre os rumores de composições para transformar em uma só, talvez duas, as candidaturas do pessedista Gelson Merisio, do pepista Esperidião Amin e do tucano Paulo Bauer. O enredo parece cansativo e repetido, leitor? É.
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Alguns dias atrás, um observador perspicaz das negociações políticas desabafou ao colunista: “são muitas insanidades e vaidades juntas”. Nesta sexta, outro participante das discussões lembrou das idas e vindas que culminaram na definição das chapas das últimas três eleições estaduais para constatar que os impasses dos últimos dias vão além do que estava acostumado.
— Vivemos um jogo do blefe, da mentira. Tudo que te falarem agora, em dez minutos muda.
Até o final da noite de sexta-feira, as candidaturas de Merisio, Amin e Bauer continuam no tabuleiro. A novidade era que depois de uma semana, o pessedista e o pepista reabriram o diálogo. Nos bastidores, circulou a informação de que Amin havia “piscado”. Ou seja, aceitava ceder a cabeça-de-chapa em troca de uma coligação que melhore as chances do PP nas eleições proporcionais.
Escrevi na quinta-feira que a regra de ouro da tríplice aliança é que quando dois partidos acertam os ponteiros, o terceiro corre atrás deles. Essa passou a ser a expectativa assim que surgiram os rumores de acerto entre Amin e Merisio. Ao longo do dia, no entanto, as conversas continuavam. Ao longo da semana, em recado aos tucanos, o pessedista deu sinais de que abriria mão da candidatura se fosse para apoiar Napoleão Bernardes, hoje candidato ao Senado, e não Bauer.
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Nessa brecha, Amin teria sugerido uma solução semelhante: ambos abriam mão das candidaturas em favor de João Paulo Kleinübing (DEM), hoje candidato a vice do pepista. Solução que não teria sido bem recebida por Merisio.
Enquanto isso, Bauer via arrefecer a pressão que vem sofrendo nos últimos dias para abrir mão da candidatura. A preocupação no ninho tucano é de que ir para disputa em chapa pura reduza as bancadas na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados – mesma fobia que em maior ou menor grau atinge os candidatos do PP e do PSD. No entanto, nomes de peso no partido começaram a defender internamente a candidatura de Bauer. O deputado federal Marco Tebaldi chegou a dizer em grupos de whatsapp que estava disposto a abrir mão da candidatura à reeleição e ir à majoritária.
Falei no começo do textos sobre a disputa geracional em curso na centro-direita catarinense. Amin e Bauer de um lado, Merisio de outro. O jogo está perto do fim. Por enquanto, Amin admite abrir mão da candidatura se o nome não for Merisio. O pessedista sinaliza que abre mão para um integrante dos três principais partidos que não se chame Paulo ou Esperidião. E Bauer, até a noite desta sexta, não cede para ninguém. É possível que apenas na noite de domingo saibamos quem venceu essa partida.
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