Durante pouco mais de uma hora de entrevista, o governador Raimundo Colombo (PSD) não saiu de perto do telefone. Por duas vezes, a conversa do pessedista comigo e com a colunista Estela Benetti, destaque da superedição dos jornais da NSC Comunicação, foi interrompida por chamadas. A primeira, era engano – acontece com qualquer um. A segunda vinha do Rio de Janeiro, onde técnicos da Fazenda discutiam no BNDES os últimos detalhes – e entraves – para concretização do Fundam.

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Ano passado, Colombo viajou o Estado inteiro anunciado a nova edição do programa que distribui dinheiro financiado pelo governo junto ao BNDES entre os 295 municípios. Em 2013, quando foi lançado pela primeira vez, o programa repassou cerca de R$ 600 milhões que fizeram a festa de prefeitos sem dinheiro em caixa para obras. A nova edição ainda esbarra em restrições apontadas pelo Tribunal de Contas e pelo próprio BNDES, embora já tenha aval do Ministério da Fazenda e do presidente Michel Temer (PMDB). Na quinta-feira, Colombo esteve no Rio de Janeiro pela manhã e continuou acompanhando os detalhes por telefone.

A bem dizer, o novo Fundam é o último ato do governo Colombo. Ele deixou claro na entrevista publicada no caderno Nós que dia 16 de fevereiro é o início plano do governo Eduardo Pinho Moreira (PMDB). Provavelmente, o pessedista participará apenas da assinatura do Fundam e deixará os demais atos para o novo governante. Colombo diz que esse gesto significa não fazer aos outros o que não gostaria que fizessem a ele. Moreira terá tempo extra para dar cara ao curto mandato – o que já está fazendo.

A gentileza deixou o pré-candidato do PSD ao governo, Gelson Merisio insatisfeito. Colombo contemporiza, diz que o ato não significa comprometimento do partido com o PMDB. Aponta Merisio como o pré-candidato do PSD e disse que vai trabalhar para fortalecê-lo, sem fechar a porta para alianças. Acredita que nada se define antes de junho – e é assim mesmo que costuma acontecer na política catarinense, embora não haja registro histórico recente de cenário tão indefinido quanto o de hoje. Em 2010, por exemplo, os cinco principais partidos tinham pré-candidato até as vésperas das convenções. Mas era um só.

Fora do governo, Colombo será parte importante dessas costuras que vão transformar essa confusão em uma eleição. Ele parte para a Espanha logo após passar o cargo para Pinho Moreira, para participa de um curso do Partido Popular. Certamente vai continuar perto do telefone.

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