Efeito colateral da onda conservadora, mas também fruto de boas estratégias eleitorais, o crescimento da bancada evangélica é um dado a mais para entender a Assembleia Legislativa que começa a trabalhar em fevereiro do ano que vem. O número de pastores aumentou de três para cinco – o número de igrejas representadas foi de duas para quatro. Dos 40 deputados eleitos, nove são evangélicos.

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Os pastores reeleitos são os pessedistas Ismael dos Santos e Kennedy Nunes, ambos da Assembleia de Deus. Os dois sobreviveram à renovação que deixou pelo caminho mais da metade da Casa, perdendo votos em relação às eleições de 2014, mas mantendo relativamente suas posições – Ismael foi o terceiro mais votado e agora o quarto, Kennedy havia sido 18o e agora é o 15o. Eram cadeiras consideradas garantidas.

Uma quase reeleição foi a cadeira conquistada por Jair Miotto (PSC, ex-vereador de Florianópolis e pastor da Igreja Quadrangular. Ele assume a vaga de Narcizo Parisotto (PSC), que depois de cinco mandatos como deputado estadual concorreu a suplente de senador na chapa do ex-governador Raimundo Colombo (PSD) – sem sucesso. A manutenção da cadeira da Quadrangular é produto das engenharias eleitorais de Gelson Merisio (PSD), candidato derrotado ao governo, que incluiu o PSC na subchapa que contava com PSD e PP – na prática, pessedistas e pepistas abriram mão de uma cadeira em troca do apoio da igreja.

Formulação semelhante foi fundamental para que a Igreja Universal voltasse a ter representantes na Alesc, como o bispo Sérgio Motta (PRB) – que não acontecia desde 2010, quando Odete de Jesus perdeu a reeleição. Na eleição deste ano, o PRB foi colocado na chapa que tinha PSB e Solidariedade, ganhando melhores condições de competição.

Um dos trunfos de Merisio para a vitórias nas urnas este ano era contar com o apoio das principais igrejas evangélicas – incluindo essa viabilidade de eleger pastores. A vida real, no entanto, mostra que nem sempre os líderes têm domínio completo dos liderados. Já no primeiro turno, o avanço da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) entre os evangélicos – e a onda 17 que impulsionou o governador eleito Carlos Moisés da Silva (PSL) – fez com que ficasse difícil aos pastores candidatos pedir votos a Merisio. No segundo turno, foi impossível: o apoio das igrejas desfez-se.

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Foi essa onda que garantiu a presença do quinto pastor na Assembleia: Felipe Estevão, da Palavra Viva, o segundo mais votado do PSL, sétimo no geral. Logo após a eleição, coube a um representante deste igreja, Bispo Flori Ramos, convidar os eleitos evangélicos para um primeiro encontro. Nem todos compareceram, mas uma semente foi lançada. Veremos como germina na atuação desse novo bloco ano que vem.

 

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