Foi por acaso, em um cochicho flagrado em um vídeo marotamente divulgado depois, que o presidente Jair Bolsonaro confirmou o desconforto com o PSL – algo muito comentado nos bastidores e que até já havia sido tratado neste espaço. O presidente arrendou o partido para poder concorrer e os efeitos de sua votação fizeram da legenda a segunda maior do Congresso. Agora, antagoniza-se com o dono do PSL, o deputado federal pernambucano Luciano Bivar.

Continua depois da publicidade

É histórica e notória a dificuldade de Bolsonaro para lidar com cúpulas partidárias – basta ver a quantidade de legendas que frequentou em seus mais de 30 anos na política. Até mesmo em um micropartido como o Patriota, em que quase se filiou ano passado antes de aderir ao PSL, acabou se indispondo. Talvez a situação criada esta semana agilize a criação de um partido com DNA essencialmente bolsonarista. Aí veremos quem segue o presidente e quem opta pelo agora milionário PSL de Bivar.

Aqui em Santa Catarina, o movimento tem sua própria decantação pela circunstância de que o governador Carlos Moisés volta e meia se descola da agenda e do estilo Bolsonaro. É candidato a ficar neste PSL de tons mais leves. Curiosa é a posição da bancada estadual da sigla. Ana Campagnolo e Jessé Lopes já estavam publicamente antagonizados ao governador. Agora, se somam a eles Felipe Estevão e Sargento Lima. Assim, quatro dos seis deputados estaduais do PSL trabalham para atuar em bloco e alinhados ao bolsonarismo.

A fidelidade ao presidente é uma grife aglutinadora, mas o recado a ser dado é outro: o grupo reage a recomposição das executivas municipais a cargo do governador, do presidente estadual Fabio Schiochet, deputado federal, e do secretário estadual Lucas Esmeraldino. Sentem-se escanteados nas decisões que vão culminar na escolha dos candidatos a prefeito.

Moisés segue na trilha de fazer do PSL catarinense um partido com uma cara mais parecida com a sua. O entrave, como sempre, é a relação com o legislativo. Na terça-feira, a bancada do PSL ajudou a derrubar, por 21 votos a 9, veto ao projeto de Marcius Machado (PL) que diminui para 1,60 (homens) e 1,55 (mulheres) a altura mínima para ingresso na Polícia Militar. Líder do governo, Maurício Eskudlark (PL) disse que o veto tinha com intenção não mudar as regras com uma seleção em andamento, mas que posteriormente enviaria projeto de igual teor.

Continua depois da publicidade

Haveria margem para conversa, mas a vontade de mandar o recado ao Centro Administrativo prevaleceu. Haverá outros.