De todas as novelas políticas que vivem o país e Santa Catarina, uma nova trama ganhou destaque na semana que passou. A possibilidade de o ex-ministro Joaquim Barbosa vestir a capa de outsider e ser o candidato do PSB à Presidência da República foi tema em todos os círculos políticos e colunas de jornal. Fruto da boa largada na pesquisa Datafolha, mas também por uma boa dose de mistério que sempre marca uma boa novela.
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Em sua primeira aparição pública com lideranças do PSB após a pesquisa lhe dar até 10% das intenções de voto, Barbosa afirmou ainda não estar convencido sobre ser candidato em outubro. O ex-ministro do Supremo sabe prender a audiência. Segurou até o limite a decisão de filiar-se ao antigo partido de Eduardo Campos e deve fazer o mesmo com a candidatura presidencial.
A rigor, Barbosa entraria na disputa pelo campo da centro-esquerda – disputando votos com Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e o nome que for escolhido pelo PT, especialmente se for alguém de perfil light como o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad. No mesmo Datafolha, Marina mostrou surpreendente resiliência ao emparelhar com Jair Bolsonaro (PSL) na liderança quando o nome do ex-presidente Lula (PT) fica fora da cartela.
Barbosa e Marina são peças-chave da campanha que se avizinha. Se estivessem juntos em uma mesma chapa, teriam condições de consolidar-se como principal alternativa a Bolsonaro e ao tucano Geraldo Alckmin. Neste momento, não é possível imaginar um deles abrindo mão da cabeça-de-chapa – embora esta especulação seja uma dos pontos da novela que começou.
Nos Estados, a dupla formada pelo jurista e pela ambientalista mexe pouco – e quando mexe, atrapalha os arranjos. Aqui em Santa Catarina, por exemplo, o PSB está fechado com PSD e PP na tropa de Gelson Merisio (PSD) e quer fazer campanha para Alckmin – seguindo os passos dos pessebistas de São Paulo. Líder do partido no Estado, o ex-deputado Paulo Bornhausen diz que pode ficar fora da eleição em nome do projeto.
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A Rede ainda dá seus primeiros passos no Estado e conta com a pré-candidatura de Rogério Portanova, ex-PV. Ele diz que não abre mão da candidatura própria e que o partido pode lançar chapa pura se não conseguir coligações. Nas últimas duas eleições, Marina alcançou cerca de 13% dos votos no Estado – menos que os 20% nacionais de ambas as disputas, mas boas votações. Mesmo assim, transferiu praticamente nada aos candidatos locais atrelados a seu projeto. Portanova acredita que ela não teve em 2010 e 2014 nomes dispostos a defenderem o projeto Marina em Santa Catarina e isso resultou no não-atrelamento dos votos. É uma aposta.
A consolidação das candidaturas de Barbosa e Marina, a possível união de seus projetos e seus efeitos nos Estados é uma trama central nas eleições deste ano. Acompanhe os próximos capítulos com atenção.