É bem possível que as eleições deste ano sejam daquelas que marcam época, que indicam fins ou começos de ciclo. Eu sei que “fins ou começos de ciclo” parece redundante, mas nem sempre em política essas coisas andam juntas. Nesta eleição, talvez sim.

Continua depois da publicidade

O modelo eleitoral baseado em garantir uma ampla aliança e com ela o maior tempo de televisão possível está em xeque. Não é só porque Jair Bolsonaro (PSL) lidera as pesquisas com menos de 10 segundos nos programas eleitorais e raras inserções de propaganda e nem porque, no exemplo oposto, Geraldo Alckmin (PSDB) patina nas intenções de voto mesmo dispondo de um latifúndio no horário político.

As redes sociais entraram de vez no jogo, totalmente anárquicas e irregulamentáveis pela Justiça Eleitoral. O máximo que se pode fazer, com muita dificuldade, é coibir excessos e mentiras – catando agulhas no palheiro digital. É provável que nas próximas eleições os candidatos calculem melhor o desgaste político de aparecer para pedir votos acompanhado por uma penca de siglas partidárias.

A própria quantidade de partidos deve diminuir – pelo menos na prática – nas próximas eleições. Está em vigor uma cláusula de barreira que vai negar fundo partidário e horário eleitoral aos partidos que tiverem menos do que 1,5% dos votos para deputado federal este ano – 1% em pelo menos nove Estados. Mesmo pouco rigorosa, ela mata boa parte das pequenas legendas de aluguel. Se valesse em 2014, 14 partidos hoje estariam fora do jogo.

Além disso esta é a última eleição em que será permitida coligação nas eleições para deputado ou vereador, acabando com esse modelo esquisito em que um voto no PCdoB pode beneficiar um candidato do DEM ou vice-versa. Assim, nas próximas eleições cada partido será um time.

Continua depois da publicidade

A classe política se acomoda muito facilmente ao que já deu certo, ao “sempre foi assim”. É possível que em outubro vejamos nomes consagrados descartados pela urna, surpresas em níveis nacional e estadual. Os candidatos que perceberam isso e tentaram se adaptar, tem mais chance de sobreviver. O jogo mudou e o eleitor percebeu isso antes do que os políticos.

Esta coluna foi originalmente publicada na newsletter semanal "Eleições 2018", exclusiva para assinantes. Quer receber as principais notícias sobre o cenário eleitoral de SC no seu e-mail? Assine o DC. (hiperlink para https://www.lojansc.com.br).