Em sua segunda tentativa de chegar à Presidência da República, o tucano Geraldo Alckmin viverá uma espécie de dilema. Em seu quarto período como governador de São Paulo, ponto alto de uma carreira de mandatos, ele será o rosto com maior cara de político em um cenário eleitoral absolutamente avesso à classe. Ao mesmo tempo, é justamente a condição de político que dá a ele as condições de armar coligação e palanques estaduais que minimizem com ampla exposição e capilaridade de cabos eleitorais a demanda por novidades na urna.
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O presidenciável do PSDB sabe disso. Esta semana, o partido aprovou uma resolução para obrigar os diretórios estaduais a submeterem à cúpula nacional tucanos as alianças que engendrarem localmente. A ideia é impedir composições que não interessem ao projeto da legenda ou palanques com múltiplas candidaturas a presidente. Acumulando o posto de candidato com o de presidente nacional do PSDB, Alckmin deverá ser cirúrgico em busca da mais ampla aliança possível e do melhor palanque que cada Estado possa proporcionar.
Santa Catarina está nesse mapa. Presidente estadual, o deputado estadual Marcos Vieira defende a candidatura própria, mesmo que em chapa pura. Se precisar, apresenta o senador Paulo Bauer ao governo, a deputada federal Geovânia de Sá como vice, ele mesmo e o prefeito blumenauense Napoleão Bernardes ao Senado. Bauer e Napoleão poderiam inverter posições, dependendo dos ventos.
Hoje, os tucanos locais são o diferencial da sucessão do governador Raimundo Colombo (PSD). É certo que o PMDB terá candidato ao governo – Eduardo Pinho Moreira ou Mauro Mariani, provavelmente. De outro lado, Gelson Merisio tenta consolidar sua aliança do PSD com o PP de Esperidião Amin, o PSB de Paulo Bornhausen e outras sete legendas. Neste momento, são remotas as chances de um desses dois projetos cederem a cabeça de chapa aos tucanos.
Nesse contexto, o PSDB-SC pode garantir a fragmentação de candidaturas se mantiver a sua ou pode encorpar um dos outros dois projetos. Na hora certa, Alckmin vai ouvir o argumentos de que apoiar o PMDB garante a capilaridade do maior e mais espalhado partido do Estado, além de contar com o governador de plantão. Vai escutar, também, que o acerto com PSD e PP é mais natural, pela provável presença de ambos na coligação nacional. Por fim, será alertado de que talvez uma candidatura própria do PSDB garanta o palanque local sem melindres com os outros dois projetos estaduais. Dessa argumentação e da escolha de Alckmin dependerá muito dos rumos da eleição catarinense.
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