Com as pesquisas confirmando as expectativas de que as eleições para o governo de Santa Catarina serão extremamente disputadas e imprevisíveis, qualquer detalhe pode fazer a diferença para Mauro Mariani (MDB), Gelson Merisio (PSD) e Décio Lima (PT) – tecnicamente empatados no último Ibope. Entre os detalhes, um dos principais deve ser a campanha paralela pelas duas vagas de senador.

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O entrelaçamentos dos votos tem tudo para fortalecer o candidato a governador que tiver os mais bem sucedidos parceiros de majoritária. Nesse quesito, o Ibope mostra alguma vantagem para Merisio. Seu time de ex-governadores, Esperidião Amin (PP) e Raimundo Colombo (PSD) está em vantagem na corrida pelos dois votos, como o senador Paulo Bauer (PSDB), aliado de Mariani, empatado tecnicamente com o pessedista. O outro parceiro do emedebista, Jorginho Mello (PR), aparece ainda atrás desse primeiro pelotão, mais próximo da petista Ideli Salvatti (PT).

É interessante perceber as diferenças de estratégia dos principais candidatos. Amin e Colombo fazem campanha praticamente juntos, tentando evitar que se desgarre o segundo voto para Bauer ou Jorginho. Ainda é forte, especialmente entre os pepistas, a campanha de 2002, quando os desacertos entre os candidatos a senador Paulo Bornhausen e Hugo Biehl contribuíram para a derrota de toda a chapa. Era também uma eleição de dois votos e o imprevisível se fez presente com a eleição de Ideli e Leonel Pavan (PSDB), ambos sempre longe dos ponteiros nas pesquisas.

Para evitar a repetição desse filme, Amin e Colombo estão pedindo votos um para o outro nos programas eleitorais, vendendo-se como um time que vai fortalecer o peso político de Santa Catarina no Senado. É o contrário do que acontece na chapa Bauer/Jorginho. Em uma de suas propagandas, a apresentadora do programa do candidato do PR lembra que são dois votos e pede um para Jorginho, sem orientação em relação ao outro. O foco todo é em apresentar-se como o novo e como alguém que nunca foi senador, contraponto-se a Amin e Colombo, mas também ao próprio aliado tucano.

Enquanto isso, Bauer faz uma campanha de prestação de contas sobre seu mandato no Senado – com uma ousada estratégia de focar o projeto de emenda constitucional que apresentou em 2011 para zerar impostos sobre medicamentos. A estratégia é ousada porque justamente essa proposta é parte da investigação da Procuradoria-Geral da República que apura se o senador beneficiou um empresa de medicamentos em troca de dinheiro para a campanha ao governo em 2014.

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O PT também não colou as campanhas de Ideli e Lédio Rosa. A ex-senadora surge com uma defesa do legado das gestões federais petistas em Santa Catarina e de sua atuação enquanto esteve no Senado, de 2003 a 2010. O ex-desembargador começou a campanha de forma genérica, em defesa de bandeiras petistas, sem apresentar sua própria trajetória. Isso mudou nos últimos programas, incluindo a questão da inclusão das pessoas com deficiência.