Tríplice aliança é o apelido da construção partidária que mudou o eixo da política catarinense em 2006. Na época, o governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) conseguiu trazer o PFL para uma composição que já contava com os PSDB desde a eleição anterior. Essa aliança venceu aquelas eleições e as de 2010, monstrando-se imbatível nas urnas.
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Questões nacionais afastaram o PSDB da tropa em 2014, mas o núcleo básico da coligação – PMDB e PSD, a face atual do PFL em Santa Catarina – continuou junto. Nos últimos três anos, os parceiros deram seguidas demonstrações de desgaste comum aos relacionamento que se encaminham para o fim. Pré-candidatos ao governo, Mauro Mariani (PMDB) e Gelson Merisio (PSD) são a cara dessa ruptura.
Na segunda-feira, quando fez declarações enfáticas de apoio à reedição da velha composições e apresentou-se como pré-candidato, o prefeito joinvilense Udo Döhler (PMDB) deu esperança a quem sonha recriar a tríplice aliança original. É possível que só ele reúna condições que fazê-lo – especialmente pela simpatia do governador Raimundo Colombo (PSD) em relação a essa composição.
O maior problema é que Döhler pode ter deixado o cavalo passar encilhado, ali por outubro do ano passado, talvez. Os aliancistas – grupo suprapartidário que manobra nos bastidores para que a aliança prossiga – já viraram suas baterias para uma nova tríplice, em que o PMDB é substituído pelo PP de Esperidião Amin. O nome da composição é o senador Paulo Bauer (PSDB), que teria um vice pessedista, restando espaço para Amin e Colombo ao Senado. O ex-senador Jorge Bornhausen seria o fiador do rearranjo. O objetivo seria um palanque robusto para o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) em Santa Catarina.
Os entraves são Merisio, o pré-candidato, e Colombo. O governador acredita que a disputa por uma das duas vagas ao Senado pode ser perigosa se tiver que enfrentar Amin e um nome do PMDB.
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Existem muitas variáveis nessas costuras políticas: a posse de Eduardo Pinho Moreira (PMDB) como governador quase efetivo em 16 de fevereiro; a prévia do PMDB com apenas Mariani inscrito; a renúncia de Napoleão Bernardes (PSDB) à prefeitura de Blumenau para entrar na disputa por majoritária; o apetite do deputado federal João Rodrigues (PSD) por um projeto maior; o desejo evidente de Amin de disputar o governo novamente.
Essas são algumas das pedras no caminho de uma reedição da tríplice aliança, existem outras. Não é fácil o trabalho dos aliancistas. Também não era em 2006.