O Brasil vive os últimos suspiros de um sistema partidário em frangalhos. Os 34 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as dezenas de legendas em formação pouco dizem sobre coesão ideológica e programática ou projeto de país. São clubes mais ou menos organizados, com mais ou menos caciques, com mais ou menos vícios.

Continua depois da publicidade

É por isso e por estarmos no fim de ciclo desse sistema partidário que se fala tanto em troca de legendas nesta primeira metade de 2019, poucos meses depois de uma eleição que criou um mapa do poder que não cabe nas antigas siglas. Em 2007, o TSE definiu que os mandatos parlamentares eram dos partidos e que quem deixasse as legendas sem justa causa deveria perder as cadeiras.

Essa definição assustou os políticos acostumados a trocar de camisa e mudou um pouco a lógica de então – quando era muito difícil que ao final da legislatura a composição dos partidos fosse a mesma determinada pela urna. Subterfúgios foram encontrados, como a criação de partidos para abrigar descontentes, mas houve uma estabilização. No atual momento, nem a chance de perder o mandato assusta mais.

Na Assembleia Legislativa, pelo menos oito dos 40 deputados são parte de conversas e rumores sobre troca de sigla. Há os casos evidentes, como Bruno Souza e Nazareno Martins, em disputa jurídica com o PSB nacional. Há Ivan Naatz brigando com o presidente estadual do PV, Guaraci Fagundes – por enquanto, apenas pelo controle do partido. Há Kennedy Nunes (PSD), de malas prontas pro DEM, assim como o desconforto dos emedebistas Valdir Cobalchini e Moacir Sopelsa com o restante da bancada.

Na Câmara, Rodrigo Coelho também se soma à briga com o PSB nacional e já estaria acertado com o PR do senador Jorginho Mello. Mas há outros deputados federais de olho nos cenários. Existe uma expectativa pela abertura de uma janela partidária que permita reacomodar os grupos políticos, assim como a possibilidade de fusões partidárias que racionalizem o sistema. Tudo é paliativo.

Continua depois da publicidade

Ano que vem começa na prática um verdadeiro partidicídio. É o fim das coligações para eleição de vereador – como em 2022 estarão proibidas também para deputado estadual e federal. Partidos que não conseguirem eleger candidatos apenas com seus votos, vão sumir. Será saudável à democracia. Este troca-troca em andamento é um primeiro passo visando essa mudança do ano que vem. Quem sair mais forte agora, tem mais chance de sobreviver.