O alagoano Arthur Lira (PP) é franco favorito para vencer a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados nesta segunda-feira. A constatação não é apenas porque a candidatura do principal adversário, Baleia Rossi (MDB-SP), dá indícios claros de esvaziamento às vésperas da votação, mas por uma avaliação histórica: quando o governo federal se engaja na disputa parlamentar, dificilmente perde.
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Nos últimos 26 anos, englobe aí os governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula (PT), Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (sem partido), apenas duas vezes o candidato a presidente da Câmara apoiado pelo governo foi derrotado na disputa. O posto é estratégico para o ocupante do Palácio do Planalto pela capacidade de pautar a agenda de votações e pelo poder de dar seguimento ou não a pedidos de impeachment. As duas vitórias de candidatos não apoiados pelo presidente de plantão foram as de Severino Cavalcanti (PP-PE) em 2005 e de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em 2015.
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Severino renunciou poucos meses após assumir em meio à denúncia de cobrar propina do restaurante instalado na Câmara – foi substituído, em nova eleição, por Aldo Rebelo (à época no PCdoB), apoiado pelo governo Lula. Eduardo Cunha venceu o candidato de Dilma Rousseff, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e deflagrou o processo de impeachment que daria fim precoce ao mandato da petista em 2016.
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Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro não se engajou na disputa que resultou na recondução do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) para mais dois anos de mandato no comando da Câmara dos Deputados. O demista foi eleito sem dificuldades e viveu dois anos de uma relação conturbada com o presidente, que o acusa de atrapalhar a agenda do governo. O afastamento ficou mais explícito durante a pandemia do coronavírus e está exacerbado na sucessão pelo comando da Câmara dos Deputados. Bolsonaro apoia explicitamente a candidatura de Arthur Lira, um nome fortemente ligado ao chamado Centrão, enquanto Maia articula a candidatura de Baleia Rossi, presidente nacional do MDB.
Na noite de domingo, Maia e Baleia sofreram um duro golpe com a decisão da bancada do DEM de deixar o bloco de apoio à candidatura. Um sinal forte do favoritismo de Lira, que encontra eco na história. Quando o governo federal se envolve na disputa – e é generoso com os parlamentares que aderem ao candidato abençoado pelo Planalto – dificilmente perde.
Na bancada catarinense, a cautela tem predominado. Boa parte dos 16 deputados federais têm evitado expor sua predileção para a disputa desta segunda-feira. Nas projeções dos apoiadores de Lira e Baleia, nomes se repetem. A linha de frente da candidatura de Baleia Rossi tem os emedebistas Carlos Chiodini e Celso Maldaner. Por Lira, estão os pesselistas Coronel Armando, Caroline de Toni e Daniel Freitas. A tendência é de que o deputado do Progressistas tenha vantagem entre os catarinenses.
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