Gelson Merisio (PSD) criou um fato político ao anunciar na manhã de ontem seu apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) – nome que não tem o respaldo oficial de nenhum dos 15 partidos da coligação que apoia o pessedista ao governo. Confirmado com um vídeo para as redes sociais e vendido como uma posição pessoal para não melindrar aliados, o endosso não surpreende. Merisio vinha costeando este alambrado desde outubro do ano passado.

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Na época, em entrevista ao colega Moacir Pereira, ele falou pela primeira vez que poderia apoiar Bolsonaro. Textualmente, o pessedista dizia estar “prestando muita atenção nos movimentos de Ciro Gomes e Jair Bolsonaro” porque “embora em pólos opostos” seriam “os únicos que fazem uma conversa propositiva e reta”. Desde então, Merisio vem testando os efeitos de uma adesão ao presidenciável do PSL – inclusive cogitou convidar o partido para a aliança na época do impasse nas negociações com o PP de Esperidião Amin.

Com a persistência de Bolsonaro na lideranças das pesquisas nacionais e em percentual ainda maior entre os catarinenses – 40% no último Ibope -, Merisio decidiu tentar surfar essa onda ainda sem dono no Estado. Um movimento arriscado política e eleitoralmente. Ao eleitor anti-tudo que o militar reformado reúne, o gesto pode ser oportunista. Aos partidos que cercam Merisio, quebra de acordo.

Das 15 legendas coligadas, cinco apoiam o tucano Geraldo Alckmin (PSD, PRB, SDD, PP e DEM), três estão com Álvaro Dias (Podemos, PSC e PRP), duas com o petista Fernando Haddad (PCdoB e Pros) e uma sigla está com Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (PV), Henrique Meirelles (PRP) e João Goulart Filho (PPL), além do neutro PSB. Por enquanto, apenas o Podemos reagiu falando em deixar a tropa, mas o movimento causou feridas em outros aliados, especialmente PCdoB e PDT.

O efeito da posição de Merisio será medido nos próximo dias e nas urnas, dia 7. O Ibope mostra que a maior parte dos eleitores que conquistou até agora são bolsonaristas. O pessedista apostou tudo em não ficar na contramão de uma onda que pode dar uma votação recorde a Bolsonaro no Estado. Merisio não procurou o presidenciável, não mandou emissários. Aposta em similaridade de discurso.

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Representantes oficiais de Bolsonaro em SC, os candidatos majoritários do PSL se apressaram em recusar o apoio. Comandante Moisés frisa que é o único candidato do presidenciável. Principal antagonista de Merisio na eleição, Mauro Mariani (MDB) fugiu da polêmica fazendo algo muito raro nesta eleição até agora: chamou o Meirelles. Garantiu que seu voto é do presidenciável do MDB, estagnado na rabeira das pesquisas. Participou do almoço ontem com o deputado federal Rogério Peninha e os bolsonaristas do MDB em Ibirama, mas se preservou da associação. Pelo menos por enquanto. No encontro, os deputados federais Valdir Colatto (MDB) e Jorginho Mello (PR), candidato ao Senado, também confirmaram que votam 17.

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