Eleita deputada estadual a bordo da Onda 17 ano passado, Ana Caroline Campagnolo (PSL) tornou-se uma figura de destaque na política catarinense por seu perfil polêmico, radical, extremista, conservador – ou qualquer um dos adjetivos que geralmente acompanham seu nome.
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No programa Cabeça de Político, ela fala sobre ideologia e visão de mundo, mas também se posiciona em relação aos atritos com o governador Carlos Moisés (PSL) – que, segundo ela, faz um governo não alinhado ao do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e não representa as ideias conservadoras.
Veja a entrevista com o governador Carlos Moisés (PSL)
Veja as 45 entrevistas do Cabeça de Político
Leia os principais trechos da entrevista de Ana Campagnolo:
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Como a senhora se reconhece ideologicamente? Direita, extrema-direita?
No Brasil não existe extrema-direita. Nosso gráfico político está tão à esquerda que uma pessoa como Jair Bolsonaro acaba virando um ícone de direita, sendo que em vários momentos no passado ele deu declarações que não eram de direita.
Ele incorporou o discurso liberal na última eleição…
Eu sou super-fã do Bolsonaro, até sou suspeita para falar. Mas o Bolsonaro não é um extrema-direita, ele é só direita. Como temos uma cultura tão esquerdista, fica parecendo que ele está em outro extremo. Está, mas não é extrema-direita.
A senhora já disse na Assembleia Legislativa que é base do presidente Jair Bolsonaro e não do governador Carlos Moisés, ambos do PSL. Como vê as diferenças das gestões deles?
O governo Bolsonaro eu sou muito suspeita para falar, sou fã dele como pessoa e político. Todas as pautas liberais que ele tem feito merecem meu aplauso, o combate à violência, a maneira como ele precisou lidar com a imprensa que não divulga as ações de governo. A imprensa joga sujíssimo com ele e mesmo assim ele faz um excelente governo. Eu acho que o comandante Moisés, que nós elegemos governador, está bem afastado do que seria um pensamento conservador e liberal. Tenho plena convicção de que ele não é, infelizmente, um governador conservador. Dos 75% que votou no comandante Moisés, acredito que 70% tenha votado porque ele dizia que era do time do Bolsonaro. E quem é Bolsonaro? É esse cara que parece com alguém do povão, que tem intenção fazer um governo técnico, mas não abandonou seus princípios conservadores e que tem sua posição religiosa muito firme. O comandante Moisés em muitas situações foi o no sentido contrário. Um exemplo é o caso do agrotóxico. Foi uma medida baixa, horrível, não só por causa da situação do agricultor, mas pela justificativa e por estar atrelada à tributação verde. Isso é ideologia esquerdista sem tirar nem por.
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Como é sua relação com o governador Moisés? Existe?
Eu não tenho relação com o governador Moisés. Inclusive quando surgem determinados convites, que não vem dele porque ele não se comunica comigo, acredito que ele esteja um pouco constrangido pelo que fez…
Ele pediu sua expulsão do PSL?
Tenho certeza de que pediu. Plena certeza e convicção. Eu me pareço um pouco mais com o Bolsonaro, eu falo o que penso. Acho que ele é um pouco demagogo. Claro que para não ficar feio para ele, disse que não pediu. Mas sei que pediu.
Ele e a senhora cabem no mesmo partido?
Eu fico no partido do Bolsonaro. A menos que me expulsem, eu fico sempre com Bolsonaro. Se alguém tiver que sair, acho que não sou eu. Até já recebi convites de alguns colegas para estar em eventos onde o governador vai entregar obras ou recursos. Não acho que a função do parlamentar seja estrelismo de entregar obras que não foi ele que fez, nem acho que deva vender minhas ideias e a confiança do meu eleitor em troca de estar em um palanque com a A ou B.
Polêmica, radical, extremista, conservadora. O nome Ana Campagnolo sempre vem com algum adjetivo. Quem é Ana Campagnolo?
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Não me considero de fato uma conservadora, porque para mim o conservadorismo não é de fato uma ideologia. É um modelo de vida muito admirável e não me considero apta, não tenho condição de ser ainda uma conservadora plena.
Almeja?
Isso, exatamente, eu almejo, me identifico. Tudo que vem de mim, a partir do meu posicionamento político, intelectual e filosófico vem primeiramente, e é importante dizer isso e choca, da minha religião e da minha confissão religiosa. Acredito que o ser humano é, entre muitas outras coisas, é cultural, é histórico, é biológico e também a sua religião como parte de sua identidade. Eu escolhi o conservadorismo por causa da minha criação, família e minha confissão de fé.
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