Se alguém sabe o que é um tsunami político e que danos ele pode provocar, este alguém é o senador eleito Esperidião Amin (PP). Ele sobreviveu à Onda Bolsonaro e garantiu uma cadeira no Senado 16 anos depois de ser a principal vítima da Onda Lula, motor da virada eleitoral de Luiz Henrique da Silveira (PMDB) quando o pepista disputava a reeleição ao governo. Santa Catarina inverteu os pólos políticos em apenas quatro disputas.
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– É verdade, eu sei o que é um tsunami. Agora, eu acho que as coisas hoje são muito mais rápidas. Todos nós estamos muito mais experimentados – disse Amin, um dos principais cabos-eleitorais de Gelson Merisio (PSL), o candidato a governador que enfrenta a onda da vez, representada por Comandante Moisés (PSL).
Amin estava com Merisio na tarde de ontem em Blumenau. Na principal cidade do Vale, recebeu o apoio oficial do prefeito Mario Hildebrandt (PSB) – que no primeiro turno contrariara a orientação partidária para apoiar Mauro Mariani (MDB) em nome da lealdade ao candidato a vice Napoleão Bernardes (PSDB), de quem herdou a prefeitura.
O pepista acredita que os efeitos locais da Onda Bolsonaro podem ser neutralizados – “é uma coisa viável, não estou dizendo é fácil”, diz, admitindo que os ventos da mudança desta vez estão favoráveis à candidatura do PSL. Amin acredita que é possível desvincular Moisés e Bolsonaro.
– Os dois pólos da eleição nacional são muito nítidos, muito concretos e muito fortes. Os polos aqui são subsidiários.
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Ele não admite, mas atuou nos bastidores para a declaração inicial de neutralidade do presidenciável – que durou apenas dois dias após forte reação do PSL local e de oficiais militares do Estado. Mesmo com o recuo, Amin acredita que o episódio deixou margem para questionar a vinculação das candidaturas nacional e estadual.
– Para não dizer artificial, é uma identidade muito superficial. De qualquer maneira ninguém pode subestimar a capacidade de comunicação que eles têm – afirma Amin.
Amigo e colega de Bolsonaro no Congresso, o senador eleito é uma das apostas para ganhar projeção e espaço em um provável governo do candidato do PSL. Chega ao Senado na hora certa para isso. Com trânsito político e experiência parlamentares, deve fazer parte da base de Bolsonaro. Diz ter conversado diretamente com o presidenciável no dia da eleição, enquanto a deputada federal eleita Angela Amin (PP) votava, e duas vezes depois do primeiro turno.
Com essa proximidade, o pepista se aventura a projetar Bolsonaro no poder. Acredita em um governo de “muita energia”, mas que a experiência de 28 anos no parlamento como deputado federal dará a ele a consciência de dois mandamentos informais do Congresso.
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– Bolsonaro conhece a Câmara. Sabe que não adianta mandar muitas coisas ao mesmo tempo, que é preciso fazer escolhas. E sabe também que o Congresso não nega o primeiro pedido de um presidente.