Uma das frases mais conhecidas do humorista político Barão de Itararé, morto em 1971, é aquela em que ele diz que havia “qualquer coisa no ar, além dos aviões de carreira”. Na Santa Catarina da nova política, é possível parodiar a expressão e constatar que a novidade do ar são justamente os aviões de carreira.

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Pelo menos nesta primeira visita de trabalho do governador Carlos Moisés da Silva (PSL) a Brasília, em que ele cumpriu a promessa de abrir mão de aeronaves oficiais ou alugadas e embarcou como qualquer mortal.

Claro que se trata de uma questão mais simbólica do que prática, mas a política também vive de símbolos, de gestos. Chegando a Brasília, os roteiros e conversas não foram muito diferentes do que faziam seus antecessores. Santa Catarina tem muito a cobrar da União – e o tem feito.

A expectativa é se a votação mais do que expressiva dada ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Estado e a fato de que ele e o governador Moisés pertencem ao mesmo partido fará essa balança pender para o Estado.

As principais pautas objetivas estavam no Ministério da Infraestrutura, onde Moisés – acompanhado dos secretários Douglas Borba (Casa Civil) e Diego Goulart (Articulação Nacional) – encontrou o ministro Tarcísio Gomes de Freitas inteirado sobre o assuntos que preocupam o Estado. Garantiu o empenho de R$ 65 milhões para as obras de duplicação das BRs 470 e 280, demandas vitais do Vale e do Norte do Estado. Freitas também falou sobre obras viárias no Oeste, a conclusão da terceira faixa da Via Expressa em Florianópolis, o contorno de Jaraguá do Sul.

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Não é por acaso que o ministro tinha das demandas na ponta da língua. Em 2011, ainda no governo Dilma Rousseff (PT), ele assumiu a diretoria executiva do DNIT, sob a gestão do general Jorge Fraxe – Freitas é capitão do Exército. Conhece as demandas, sabe as dificuldades. É um bom começo para essa nova relação entre novos governos.

Moisés também esteve nos ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Regional (fruto da fusão das pastas das Cidades e da Integração Nacional). No coração do governo, a Casa Civil, ouviu do ministro Onyx Lorenzoni (DEM) promessas de portas abertas para Santa Catarina, rediscussão do pacto federativo e outras questões ainda vagas que poderemos acompanhar ao longo da relação entre o Estado e o Planalto.

Antes das visitas aos ministros, ainda na quarta-feira, Moisés fez uma visita mais discreta. Foi ao Supremo Tribunal Federal conversar com o ministro Luiz Fux, relator da ação direta de inconstitucionalidade apresentada ainda no governo de Raimundo Colombo (PSD) contra a emenda à constituição estadual que aumentou de 12% para 15% da arrecadação o gasto obrigatório com saúde.

Aí não temos novidade na gestão de Moisés em relação a Eduardo Pinho Moreira (MDB) e Colombo. O aumento obrigatório do gasto do Estado em saúde, conquista da sociedade em uma luta dos prefeitos encampada pela Assembleia Legislativa, continuará sendo tratado como um estorvo contábil.

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