Alguns fatores fazem da eleição para a presidência da Assembleia Legislativa, em fevereiro do ano que vem, uma das mais importantes da história política catarinense. Por isso é importante mapear esses movimentos iniciais da disputa, a correlação de forças e que acordos podem definir o comando do parlamento estadual.
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A impressionante votação do governador eleito Carlos Moisés da Silva (PSL) e a eleição de uma turma que chega na Alesc a bordo de um discurso antipolítica que acendeu boa parte do eleitorado, fazem da disputa interna no Legislativo um espaço em que a política ainda dá as cartas. Os novos eleitos, especialmente os seis deputados estaduais do PSL, precisarão passar por esse filtro.
Ao mesmo tempo, a Alesc também precisa cuidar com os sinais que passará a uma sociedade que se cansou da repetição de certas práticas e acordos de gabinete. Esta semana, a Câmara de Florianópolis elegeu sua nova mesa diretora dando de ombros para tudo que as urnas disseram em outubro – quase um desafio. Um preço que deve ser cobrado à frente, não apenas dos vereadores e do novo presidente, mas também do prefeito Gean Loureiro (MDB), que chancelou o acordo que levou o denunciado Roberto Katumi (PSD) à presidência da Casa.
Voltando à Alesc, outro fator que faz da eleição do novo presidente um marco importante também é derivado da vitória do neófito Carlos Moisés. Para tirar do discurso a promessa por um governo de técnicos, premiando servidores de carreira e afastando os políticos dos cargos de decisão, Moisés precisará de fiadores no mundo da política – especialmente no parlamento estadual, palco em que serão chanceladas suas decisões. Nesse caso, o presidente da Alesc seria o seu fiador principal na política.
Existem dois nomes dispostos a fazer esse papel. No MDB, o deputado estadual Valdir Cobalchini se mobiliza para ocupar a presidência nos primeiros dois anos da nova legislatura. Vem tentando vencer resistências internas, principalmente de Mauro de Nadal, que também pleiteia o cargo. Eles sabem que a força do MDB é a unidade de seus nove eleitos, a maior bancada.
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O outro candidato a fiador é Júlio Garcia (PSD), de volta à Alesc depois de uma longa temporada no Tribunal de Contas. Articulador por natureza, Garcia teria munição para conquistar agora os 21 votos necessários e comandar o parlamento já em fevereiro. Mas ele é daqueles que olham a floresta inteira e quer atrelar seu projeto ao do MDB – criando uma força permanente e espalhada por todo Estado. Se o governo de plantão quiser, uma base política sólida para os não-políticos.
A outra construção em curso está sendo liderada por Milton Hobus (PSD) e busca um acerto desde já que defina os presidentes da Alesc até o fim da legislatura, um ano para cada um. O pessedista tem falado com todos, inclusive o futuro líder do governo, Onir Mocellin (PSL). Corre por fora, mas tem a seu favor um discurso que promete uma pulverização de poder que pode soar interessante em uma Alesc tão fragmentada.
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