Coordenador da equipe de transição do governador eleito Carlos Moisés da Silva (PSL), o professor Luiz Felipe Ferreira ainda não foi oficialmente anunciado como futuro chefe da Controladoria Geral do Estado, mas está confirmado no posto. Como o cargo só será criado na reforma administrativa, também pilotada por ele, que será encaminhada à Assembleia Legislativa, Moisés entendeu que sua apresentação oficial deve ser feita após a estrutura existir.

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O novo órgão talvez seja a maior novidade apresentada pelo futuro governo até agora. Apenas três Estados brasileiros possuem estruturas de controladoria própria, usando o modelo consagrado pela Controladoria-Geral da União. Mas há um dado a mais nas funções que serão exercidas por Ferreira na gestão Moisés. Implantada a reforma administrativa idealizada pelo grupo que liderada, caberá a ele o papel de zelar pela sua aplicação e continuidade.

Essa tarefa extra pesou na decisão de separar da futura CGE a pasta de Integridade e Governança, que será tocada por Naiara Czarnobai – também integrante da equipe de transição e que só será oficializada no posto após a aprovação da reforma administrativa. A divisão gerou apreensão em defensores da criação da CGE, que temem esvaziamento do órgão, sobreposição de funções e falta de sinergia.

No intervalo da diplomação dos eleitos, na terça-feira, perguntei a Ferreira sobre esse dilema. O professor disse que essa configuração é inicial, baseada na ideia de normatizar as questões de governança e compliance, um olhar para dentro da máquina – atribuições da secretaria-executiva que ficará sob o comando de Naiara, assistente de gabinete no Ministério Público de Santa Catarina.

Ferreira é professor do Departamento de Ciências Contábeis da UFSC e terá um papel chave na gestão de Moisés. Teve tempo para mergulhar na máquina e fazer diagnósticos de caráter técnico – para usar a expressão da moda nos corredores do Centro Administrativo. Redesenha órgãos e funções, extingue alguns, cria outros – inclusive o que vai ocupar.

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Quando assumiu seu primeiro mandato, o ex-governador Raimundo Colombo (PSD) trouxe também um nome de formação técnica e acadêmica para mudar a gestão do governo. O professor Ubiratan Rezende ficou menos de um ano na Secretaria da Fazenda, onde pôde implantar poucos dos diagnósticos que fez – a política e o corporativismo resistiram. A sorte de Ferreira, nessa comparação, é que Moisés parece muito mais disposto a comprar brigas do que Colombo. Precisará desse respaldo.