Muitos, inclusive este colunista, foram surpreendidos por uma caminhada do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) pelo centro histórico de Florianópolis no final da tarde desta segunda-feira. Com cerca de 50 seguidores munidos de bandeiras e caixa de som, o tucano fez o tradicional roteiro que começa na Praça XV de Novembro e termina com pastéis no Mercado Público. No trajeto ficou clara a disposição de Alckmin de lutar até o fim por uma improvável vaga no segundo turno, assim como os motivos que escancaram suas dificuldades.
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Principal motor da candidatura de Alckmin entre os catarinenses, o apoio do MDB ficou restrito à largada do itinerário – quando estavam presentes o governador Eduardo Pinho Moreira e o prefeito florianopolitano Gean Loureiro. No resto do caminho, Alckmin foi acompanhado pelo alto tucanato do Estado: Napoleão Bernardes, candidato a vice-governador, o senador e postulante à reeleição Paulo Bauer, o senador Dalírio Beber, os deputados estaduais Marcos Vieira e Leonel Pavan, entre outros. Como reforço nacional, o senador paulista José Serra.
Alckmin mostrou disposição. Entrava em cada loja do calçadão da rua Felipe Schmidt ou box do Mercado Público para acenar e cumprimentar os eleitores catarinense. Cumprimentou muitos, tirou fotos com alguns, ouviu um ou outro grito “Bolsonaro” – em suma, foi tratada sem muita paixão ou aversão. Pouco para quem foi escolhido por 54,5% dos catarinenses para a Presidência da República em 2006.
Durante a caminhada, o locutor insistia no discurso de que Alckmin tem mais condições de vencer Fernando Haddad (PT) em um cada vez mais hipotético segundo turno. Mira nas ruas, assim como na televisão, o eleitor que costumava votar no PSDB contra os petistas e que migrou para Jair Bolsonaro (PSL) – o político que representa a antipolítica na moda no Brasil de 2018.
Além dos tucanos, havia outro fiel alckmista no projeto: o ex-deputado federal Paulo Bornhausen, presidente estadual do partido. Acompanhou o périplo com um adesivo do candidato a governador Gelson Merisio (PSD) no peito. Os tucanos mostravam fidelidade a Mauro Mariani (MDB), com materiais de campanha e o pedido de voto, especialmente por parte do colega de chapa Napoleão.
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Líderes das duas maiores coligações partidárias do Estado, Mariani e Merisio já declararam que não apoiam Alckmin – o primeiro diz que vota em Henrique Meirelles, o segundo em Bolsonaro.
Esse é um retrato da situação vivida pelo presidenciável tucano. Alckmin apostou tudo em ser o candidato da política contra o PT e o representante da antipolítica. Jogou certo, mas pelas velhas regras um jogo que mudou de regulamento. Aglutinou a maior composição de legendas, conquistou o maior tempo de televisão, um exército de candidatos apoiadores. Assumiu o ônus de ser o candidato da política tradicional e ainda espera – a cinco dias do primeiro turno – o bônus dessa condição. Na última hora, sonha com o voto dos que não querem nem Haddad e nem Bolsonaro, hoje disperso por diferentes candidaturas.