Nas conversas, na televisão, nas redes sociais, nos grupos de troca de mensagens, a eleição presidencial gera mais atenção e entusiasmo que as demais, como é natural que seja. O curioso até o momento na eleição catarinense é que os efeitos do entrelaçamento das disputas ainda estão nebulosos.
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Claro que há vinculações naturais. Décio Lima (PT) é o candidato de Lula – assim como Fernando Haddad será quando e se substituí-lo após a iminente negativa do registro de candidato ao ex-presidente pela Justiça Eleitoral. Moisés da Silva (PSL) é o nome de Jair Bolsonaro (PSL) em Santa Catarina, assim como Rogério Pornanova (Rede) representa Marina Silva e Leonel Camasão (PSOL) está com Guilherme Boulos. A coisa complica é nas duas megacoligações.
Os blocos liderados por Gelson Merisio (PSD mais 14 siglas) e Mauro Mariani (MDB mais oito partidos) têm diversas candidaturas presidenciais em seu palanque, mas seriam hospedeiros naturais de Geraldo Alckmin (PSDB). Não é o que se vê.
O MDB de Mariani tem como candidato a presidente Henrique Meirelles – autofinanciando sua campanha em uma espécie de aluguel de sigla. Sem cara e passado emedebista, tem sido deixado de lado. Quando o Mariani recebeu adesão de última hora do PSDB, com a indicação de Napoleão Bernardes (PSDB) para a vaga de vice, o apoio a Alckmin por parte dos emedebistas catarinenses foi citado como argumento. Se houve o acordo, ainda não saiu do papel.
Na outra trincheira, o presidenciável tucano é o candidato oficial dos partidos que integram majoritária de Merisio – o PSD dele e de Raimundo Colombo, candidato ao Senado, o DEM do vice João Paulo Kleinübing e o PP de Esperidião Amin, também postulante ao cargo de senador. Nos materiais de campanha, no entanto, o nome de Alckmin é difícil de encontrar. Em entrevistas, Amin diz que o PSDB “construiu um muro” ao abrir mão da candidatura própria e apoiar Mariani.
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Claro que nem tudo são cicatrizes das coligações. Na pesquisa Ibope realizada em Santa Catarina, Alckmin não passa do quarto lugar, com 7% das intenções de voto no cenário sem Lula. Na ponta, Bolsonaro com 28%. O tucano hoje não agrega aos candidatos catarinenses.
Desde 1994, as eleições para presidente e governador são realizadas ao mesmo tempo. Sempre há algum efeito. Em 2002, Lula mexeu no cenário em favor dos petistas locais e de quem ele apoiou. Em 2014, foi Aécio Neves (PSDB) que virou onda e quase mudou a eleição estadual. Em outras disputas, é a força do palanque local que puxa o presidenciável – como aconteceu com José Serra (PSDB) em 2010 e o próprio Alckmin em 2006. De alguma forma, a eleição presidencial terá seus efeitos no cenário local. O mais provável, por enquanto, é que isso aconteça no segundo turno. É quando Merisio e Mariani farão suas escolhas – se chegarem até lá, é claro.