Quando as campanhas eleitorais eram mais longas, agosto era o mês em que a disputa começava a ganhar corpo e cara de eleição. Com os prazos reduzidos pela legislação e a longa negociação das coligações, este ano as candidaturas ao governo precisam apresentar um ritmo mais forte logo de cara. Nesse contexto, a pesquisa Ibope divulgada no final de semana serviu como um fator estimulador.

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O PT de Décio Lima nunca havia liderado uma pesquisa para o governo estadual e utiliza os números para inflamar sua militância. O engajamento é visível e até figuras antagônicas dentro do partido, como a ex-senadora Ideli Salvatti e o ex-deputado federal Claudio Vignatti, fazem registros públicos de confraternização e unidade. Sem peso e sem nada a perder, os petistas podem fazer sua melhor eleição desde 2002.

Olhando para as duas máquinas eleitorais do Estado – as coligações encabeçadas por Gelson Merisio (PSD) e Mauro Mariani (PMDB) – é possível ver um sinal amarelo ligado. Ambos apresentam números aquém da estruturas que montaram para a campanha eleitoral. É natural que cresçam, mas a natureza não vai trabalhar sozinha. A pesquisa deixa claro que padrinhos e legendas à parte, Merisio e Mariani precisam ser apresentados ao eleitor.

A parte isso, os números eleitorais de agosto sempre precisam ser vistos com cautela, como recados da sociedade a serem interpretados. Voltemos no tempo, quatro anos atrás. A pesquisa Ibope realizada em agosto de 2014 colocavam Raimundo Colombo (PSD) vencendo em primeiro turno – como acabaria mesmo vencendo. Mas a margem era muito mais ampla do que a efetivada na urna em outubro. Paulo Bauer (PSDB) aparecia com 19% e terminou com quase 30%, enquanto Vignatti passou de 7% para 15%. Para o Senado, Paulo Bornhausen (PSB) tinha dez pontos de vantagem sobre Dário Berger (MDB), que acabaria eleito. Os números presidenciais foram os que mais mudaram: em agosto, Aécio Neves (PSDB) era apenas o terceiro entre os catarinense, atingido pela breve onda que catapultou Marina Silva após a morte de Eduardo Campos (PSB). O tucano receberia 52% dos votos dos catarinenses.

Em 2014, o cenário estadual era de reeleito. O atual lembra mais o de 2010, quando nenhum dos três principais candidatos havia governado o Estado. A diferença é que Colombo, Ideli e Angela Amin (PP) já haviam disputado eleições majoritárias e estadualizado seus nomes. Em agosto daquele ano, o Ibope mostrava um cenário mais consolidado que o atual – e que, mesmo assim, não se confirmou. Angela liderava com 38% das intenções de voto, contra 23% de Colombo e 15% de Ideli. Foi nesse levantamento que ele ultrapassou o petista e rumou para a vitória em primeiro turno que se concretizaria nos últimos dias de campanha – três dias antes da eleição o Ibope ainda cravava segundo turno.

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O que significa o agosto eleitoral neste cenário de campanha mais curta é uma história ainda a ser contada. A próxima rodada de pesquisas será determinante para estratégias e apostas.

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