(Foto: Marco Favero, DC)
A cinco meses da eleição, a força do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) talvez seja a maior incógnita da eleição. Ele tem uma forte militância espontânea nas redes sociais, mas sobram dúvidas sobre o poder eleitoral desse grupo diante da quase inexistência de bases nos Estados. É nesse vácuo que o deputado federal e capitão reformado do Exército pode acabar recebendo adesões de lideranças de grandes partidos em sua campanha.
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Domingo, no tradicional Encontro Nacional das Missões dos Gideões, em Camboriú, o deputado estadual Kennedy Nunes (PSD) aproveitou a presença de Bolsonaro para deixar claro que estará com ele. Gravaram vídeo para as redes sociais do pessedista, conclamando os jovens a fazerem o título de eleitor. Mais discreto, o deputado estadual Ismael dos Santos (PSD) também postou foto com o presidenciável em uma de suas redes.
Leia a entrevista com o pré-candidato:
Bolsonaro: “Não sou muito bom, os outros é que são horríveis”
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No lado peemedebista o fenômeno já vinha sendo observado. O deputado federal Rogério Peninha Mendonça é entusiasta de primeira hora da candidatura de Bolsonaro e foi o responsável pelas primeiras visitas dele ao Estado na condição de presidenciável. É o político catarinense mais próximo a ele, sem dúvidas. O deputado federal Valdir Colatto (PMDB) também já afirmou a disposição de marchar com Bolsonaro.
Conversei com Kennedy Nunes sobre sua posição e ele disse que vem sendo muito cobrado por seus eleitores, que apresentam afinidade ideológica com Bolsonaro. O pessedista tem dúvidas sobre aquela questão inicial que apontei no texto – se o voto virtual vira voto real. Por isso insistiu para que o presidenciável se empenhe em convencer os jovens a se cadastrarem para poder votar:
— Se o eleitor que quer mudança não for para a urna, os mesmos vão se eleger.
Sobre a escolha por Bolsonaro, Kennedy diz que é o único que representa “uma forte ruptura com a política velha”.
— Existe gente mais preparada do que ele, mas que não representa a mudança. O Alckmin foi governador várias vezes, é preparado, mas representa o velho. A Marina Silva (Rede) só aparece quando tem eleição. O Ciro Gomes (PDT) é muito inteligente, entende de economia, mas é louco. Eu havia dito que se o Henrique Meirelles fosse candidato pelo PSD, teria meu apoio. Mas foi para o PMDB e eu não voto no PMDB — detalha Kennedy.
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Em 1989, Fernando Collor de Mello foi beneficiado por uma situação semelhante. Estava abrigado, também, a um partido nanico – o PRN. Era apontado como o novo à direita e também passou a receber apoio de lideranças de partidos estabelecidos conforme os presidenciáveis iam ficando pelo caminho. Naquela eleição, o PMDB abandonou Ulysses Guimarães, o PFL largou Aureliano Chaves e o PDS (hoje PP) deu menos fôlego a Paulo Maluf do que o esperado. Aconteceu em Santa Catarina também. Há, no entanto, uma diferença importante: a eleição de 1989 era apenas presidencial. Descolada dos contextos e palanques locais.