O pessedista João Rodrigues deu muita sorte nos últimos anos. Condenado em 2009 pelo Tribunal Regional da 4a região, só conseguiu concorrer a deputado federal em 2010 e 2014 – eleito com grandes votações em ambas – por causa de um habeas corpus que impediu sua inclusão entre os barrados pela Lei Ficha Limpa.

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O pessedista João Rodrigues deu muito azar nas últimas semanas. Ao finalmente analisar o recurso do parlamentar, a primeira turma do Supremo Tribunal Federal viu-se diante dos olhares de todo o país. Mais do que saber se houve crime na licitação para compra de uma retroescavadeira lançada pelo prefeito em exercício de Pinhalzinho, Oeste de Santa Catarina, no distante 1997, os cinco ministros julgavam o futuro da jurisprudência que determina o início da execução da pena em segunda instância.

Assim, Rodrigues viu confirmada a condenação por 4 a 1 e determinada a imediata execução da pena por 3 a 2. Sua defensa ainda vai tentar um último recurso, pedindo a prescrição do crime e assim tentar salvar a carreira política do pessedista. A suprema ironia está, no entanto, marcada: o ferrenho antipetista catarinense vive o pior momento de sua trajetória ao ter seu destino enlaçado ao do ex-presidente Lula – também condenado no TRF-4 e motivo pelos quais os olhos de toda a imprensa nacional estavam voltados para o julgamento de um mero parlamentar catarinense do baixo clero.

Em Santa Catarina, onde Rodrigues é um campeão de votos e integra o altíssimo clero, por assim dizer, os efeitos ainda são inconclusivos. Nos últimos meses, o parlamentar foi insuflado por aliados a confrontar a pré-candidatura a governador do correligionário Gelson Merisio (PSD). A volta do velho processo logo fez diminuir seu ímpeto, mas Merisio ainda reconstroi os estragos da tempestade que passou pelo próprio partido e lançou mais dúvidas sobre a viabilidade de sua pretensão.

Sem Rodrigues, perde força o núcleo pessedista que não quer Merisio e que busca a composição com PMDB de Eduardo Pinho Moreira ou o PSDB de Paulo Bauer. Enfraquecem-se, também, as conversas de que esse grupo poderia migrar para o DEM, recriando, na prática, o partido no Estado. Fica claro que até agosto, quando se definirem as candidaturas e alianças, sorte e azar também fazem parte do jogo.

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