Faltava pouco para o fim da entrevista que o governador Carlos Moisés (PSL) me concedeu para a nova temporada do programa Cabeça de Político, já disponível no NSC Total, quando chegou à Casa d’Agronômica o deputado estadual Luiz Fernando Vampiro, líder do MDB na Assembleia Legislativa. Está claro que com pouco mais de oito meses, os emedebistas estão à vontade com o comandante.
Continua depois da publicidade
Nos últimos dias, dois outros parlamentares do partido gravaram vídeos com Moisés na residência oficial – Romildo Titon e Ada de Luca. Gestos que provocam algum ciúme na bancada pesselista, mas que dão o tom de uma proximidade que há até quem entenda – exageradamente – como aceno a futura filiação. Não é por aí.
Mas é importante pontuar que a adesão da bancada emedebista, a maior da Alesc, foi vital para que Moisés conseguisse a maioria de 26 ou 27 deputados com que pode contar no parlamento. No primeiro encontro, ainda nas discussões sobre a reforma administrativa, o governador e os emedebistas acertaram o tom dessa adesão. Era o MDB na mesa e, claro, a primeira pergunta envolvia cargos no governo. Ali, Moisés teria enfatizado que essa equação não entraria em jogo.
A conversa seguiu e as partes se acertaram. O temor em relação aos resultados eleitorais de 2018, com reduções de votação em todo o Estado e para todos os cargos, deixou os emedebistas menos gulosos. Acesso ao governo, possibilidade de ter aceitas indicações de obras, a intimidade do governismo, têm bastado para fechar esse apoio – que não é incondicional, como vimos na questão da taxação dos defensivos agrícolas e da redução dos repasses aos poderes, quando os emedebistas não compraram as brigas do Centro Administrativo.
Mas há um ponto importante que também possibilita essa relação entre MDB e governo. A bancada estadual ganhou maior protagonismo dentro do partido. Atual presidente do MDB-SC, o deputado federal Celso Maldaner não se mete nessa relação. A bancada federal está descolada, tocando cada um seu projeto – alguns com um pé fora, aliás. Não há, como antes, um vice-governador ou um governador do partido a cobrar rumos e fidelidades. A bancada estadual está solta.
Continua depois da publicidade
Foi justamente na Alesc que o MDB sofreu menos os efeitos da Onda 17, mantendo a bancada de nove eleitos. Adaptando-se aos novos tempos e de olho na sobrevivência de suas bases em 2020, os emedebistas aderiram pragmaticamente ao que Moisés poderia oferecer. E recuperaram o livre acesso à Casa d’Agronômica.