Em toda relação que começa, as afinidades, mesmo que poucas, são exaltadas. Em toda relação que acaba, as diferenças, por mínimas que sejam, são insuportáveis. A inusitada parceria entre o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o grupo político do ex-deputado federal Paulo Bornhausen, encerrada em clima de disputa judicial após quase seis anos, deixa isso claro.

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Nesta quinta-feira, o presidente nacional da sigla Carlos Siqueira comemorou em nota a renúncia coletiva do diretório estadual integrado por aliados de Bornhausen. Os termos de Siqueira são duros: “finalmente nos chega de SC uma boa notícia, ou seja, a saída do conservador-liberal Paulo Bornhausen dos quadros de nosso partido. Há muito causava estranheza ao partido sua permanência, visto professar tendência político-ideológica completamente estranha àquela que o PSB pratica desde sua fundação”. Um claro fim de relação.

Em agosto de 2013 era diferente. Presidente do partido à época, Eduardo Campos chamava a questão ideológica de “aparente contradição” e citava em Bornhausen alguém com “compromissos democráticos”, “preocupações com o futuro do Brasil e com a ética na política”. Dizia, ainda, que “o PSB é um partido que tem uma direção nacional que dá tranquilidade a muitas pessoas a fazerem essa opção”. Um claro começo de relação.

Eduardo Campos morreu dias depois do início da campanha presidencial em 2014. O grupo de Bornhausen perdeu o fiador no PSB, mas manteve a relação cordial com os caciques que herdaram o cetro. O partido conquistou mandatos na Alesc, em prefeituras de destaque, na Câmaras. Tudo ia bem até a onda conservadora fazer da palavra “socialismo” um fardo eleitoral. Aí desenhou-se o desembarque do grupo de Bornhausen rumo ao Podemos do senador paranaense Álvaro Dias.

Gestos atrapalhados no Estado e em Brasília fizeram dessa transição um divórcio litigioso. Os mandatos de dois deputados estaduais são disputados na Justiça Eleitoral. O novo PSB-SC será assumido por um ex-pefelista, Adir Gentil. O deputado estadual Laércio Schuster, que pretendia ficar, teve uma conversa ríspida com Siqueira na quarta-feira, quando ouviu que se quisesse integrar a nova executiva bastava colocar-se como líder do partido na Assembleia, que é membro nato. O federal Rodrigo Coelho foi convidado a integrar a executiva liderada pelo interventor. A novela mexicana vai longe. Mas a direção nacional do partido parece se esforçar para garantir que os mandatos fiquem com os eleitos.

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