Em 2011, o governador Raimundo Colombo não tinha sequer um ano de mandato quando foi seduzido por um projeto arriscado do então prefeito paulistano Gilberto Kassab: deixar o DEM e criar um novo partido, o PSD, que tivesse maior liberdade para composições políticas, inclusive com o PT que ocupava o Palácio do Planalto. Em um dos raros gestos bruscos de sua carreira política, Colombo topou a empreitada e liderou a travessia pessedista em Santa Catarina.
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Talvez tenha sido o único Estado em que o DEM praticamente foi extinto pela criação da nova sigla. Sem as amarras antipetistas do DEM, Colombo aproximou-se da presidente Dilma Rousseff (PT) e conseguiu os financiamentos que viabilizaram seu primeiro mandato e a reeleição.
Livre para compor à esquerda e à direita, o PSD não sofreu quando o PT foi enxotado do poder federal. Ministro das Cidades de Dilma, Kassab virou ministro de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações de Michel Temer (PMDB) sem ruborizar. Em Santa Catarina, a transição também não deixou marcas relevantes: Colombo acertou os ponteiros com Temer na renegociação das dívidas estaduais e com ele vem se mantendo.
Este ano, o PSD catarinense se prepara para uma segunda travessia: o fim da aliança com o PMDB. Essa jornada tem como condutor o presidente estadual do partido e pré-candidato a governador Gelson Merisio. Ao contrário da transição de 2011, há maior resistência interna na movimentação – dividida entre os que querem manter a aliança ou duvidam da viabilidade da candidatura de Merisio.
A construção local da candidatura do PSD está bem amarrada: PP, PSB e PDT, entre outros, estão hoje atrelados ao projeto. A vitalidade do partido, consolidado como segundo maior do Estado, é anteparo a intervenções nacionais. Pelo menos em tese.
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Mesmo depois de ter lançado o ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, como pré-candidato à presidência, Kassab dá sinais de que pretende levar o partido para o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) – em troca, seria candidato a vice do tucano que concorrer ao governo de São Paulo. Colombo já declarou mais de uma vez que também gostaria de apoiar o colega paulista.
Merisio vem se mostrando cético em relação às chances de Alckmin e condiciona a adesão ao apoio dos tucanos locais – que hoje tem o senador Paulo Bauer como pré-candidato ao governo. Certamente a frente alckmista, com conexões em Brasília, São Paulo e Florianópolis, terá efeito sobre a construção do projeto do PSD catarinense.