Os catarinenses estão mais que acostumados à presença de Júlio Garcia na política do Estado – especialmente quando falamos de Assembleia Legislativa. Atual presidente, o pessedista elegeu-se deputado pela primeira vez em 1986 e se destacou por ser um alfaiate político de costuras discretas e precisas – muitas vezes não se importando que os méritos do trabalho ficassem com outros articuladores.
Continua depois da publicidade
Repare, no entanto, que estes primeiros meses do retorno de Júlio Garcia aos mandatos mostram um inédito apetite pelo protagonismo. Mesmo nas outras duas vezes em que presidiu a Assembleia, entre 2004 e 2008, o deputado deu suporte aos governos e alianças de Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Costurou para dentro.
Aquele momento deu marca à carreira discreta de um deputado de média votação. Não se elegeu em 1994, após um desastroso fim de aliança entre Esperidião Amin e Jorge Bornhausen que fez ambos os grupos improvisarem candidaturas e saírem derrotados. Em 1998, a segunda suplência lhe devolveu espaço. Em 2002, eleito novamente lá no meio da tabela. Foi quando costurou a aliança do PFL com Luiz Henrique e o resto é história.
Júlio Garcia deixou a Assembleia no auge, rumo ao TCE – para onde vão os elefantes da política. Lá passou uma década, mas não cumpriu o destino dos ex-deputados em fim de carreira. Voltou à urna e em meio à onda da antipolítica recebeu sua maior votação, 57 mil votos que lhe garantiram a terceira posição entre os eleitos.
Novamente na presidência, temos um Júlio Garcia que tenta ocupar o vácuo político de um governador que ainda pega gosto pela política. Isso ficou claro em três movimentos. Quando apresentou a proposta que conciliou o embate entre o governo e o setor produtivo na questão dos benefícios fiscais; quando articulou a derrubada do veto à proposta que vinculava recursos ao pagamento das dívidas dos hospitais filantrópicos; agora, na última quarta-feira (08), ao aproveitar encontro entre chefes de poderes, Carlos Moisés incluso, para tirar do bolso uma proposta que cria um fundo com recursos diversos para quitar a dívida da saúde.
Continua depois da publicidade
Moisés sorriu amarelo com a solução apresentada, que caberia a ele apresentar para afastar vício de origem. Nos bastidores do Centro Administrativo, a proposta é vista com desdém e deve ser torpedeada na área técnica. O governo já percebeu o que estamos todos percebendo. Desta vez, Júlio Garcia costura para fora.