— Você fica porque o Raimundo pediu.

Foi essa frase dita pelo governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) ao secretário Eduardo Deschamps (PSD), ainda em fevereiro, que acabou selando a saída do pessedista da pasta da Educação – anunciada no início da noite de segunda-feira em um jantar de peemedebistas. Deschamps, que vinha até então demonstrando vontade de permanecer na função após a troca de bastão, não gostou da forma como Pinho Moreira confirmou sua presença.

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Desde então, o secretário mudou a posição sobre ficar no governo. Na tarde de ontem, pediu para deixar o cargo. O governador não demorou e aproveitou o encontro com 29 prefeitos peemedebistas da região Oeste, naquela noite, para anunciar que o ex-reitor da Unochapecó, Gilberto Agnolin, assumiria a pasta. Contemplava o PMDB de Chapecó – que Agnolin representou em 2016, quando candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo deputado estadual Cesar Valduga (PCdoB).

A velocidade do anúncio da troca pegou mais uma vez Deschamps de surpresa, mas sem susto. O secretário diz que vai se dedicar à presidência do Conselho Nacional de Educação, cargo que acumulava com a pasta estadual desde 2016. Vai se dedicar a projetos como a implantação do Banco Nacional Comum Curricular e o novo Ensino Médio. Deschamps ganhou projeção nacional após comandar a entidade que reúne os secretários estaduais de Educação.

Nos sete anos em que esteve à frente da pasta em Santa Catarina, deu a cara do governo Raimundo Colombo na área. Enfrentou greves e conseguiu implantar à sua maneira o piso do magistério – alvo de ação no Supremo durante o governo Luiz Henrique da Silveira (PMDB) – e o novo plano de carreira da categoria, aprovada sob protestos dos Sinte/SC. Ele saudou a escolha de Agnolin, atualmente diretor de Políticas e Planejamento Educacional da pasta.

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— É uma grande notícia, pois ele faz parte da atual equipe da secretaria e possui uma capacidade excepcional para dar continuidade e aprimorar os projetos.

A saída de Deschamps aponta para a quase completa despessedização da gestão Pinho Moreira. No primeiro escalão, por enquanto, ficou apenas Rodrigo Moratelli, da Defesa Civil. A situação vai além da intenção, já clara, de tirar do governo quem é alinhado aos pessedistas Gelson Merisio ou Antonio Gavazzoni. À frente da Educação, Deschamps tinha agenda própria. O plano de carreira do magistério, por exemplo, ele emplacou contra a vontade de Merisio, presidente da Assembleia Legislativa na época. 

Adendo

Após ler o texto, o secretário Eduardo Deschamps fez contato comigo. Nega que o governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) tenha lhe dito em fevereiro que só permaneceria no pasta por pedido do ex-governador Raimundo Colombo – como dito na coluna de ontem.

— Em fevereiro quando anunciou sua saída, Colombo me pediu para permanecer. Conversei com Pinho Moreira que elogiou o trabalho na SED e tambem disse que gostaria que eu continuasse – garante.

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Antes da posse informal de Pinho Moreira, conversei com Deschamps e ele disse que pretendia continuar no cargo até o final de 2018. Perguntei o que mudou e ele atribuiu a saída às atividades como presidente do Conselho Nacional de Educação.

— Era um misto de necessidade de me dedicar à pauta nacional e de vontade de continuar trabalhando com a equipe maravilhosa que formamos na Educação. Tentei ao longo desse período conciliar as agendas mas estava ficando pesada pois só vivo viajando, até que cheguei à conclusão que não daria para levar até o fim do ano – justifica.


Só café e sorrisos

Não tinha muito eleitor do ex-ministro Henrique Meirelles (PMDB) no café da manhã oferecido a ele pelo governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) na Casa d’Agronômica na manhã de ontem. O presidenciável falou sobre os desafios da economia para deputados estaduais e federais do partido, além de outras lideranças. Apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL), os federais Rogério Peninha e Valdir Colatto não estavam presentes. 

Leia as entrevistas com os pré-candidatos à presidência