A insatisfação da sociedade com a classe política não foi um fenômeno abrupto, desencadeado por uma onda na eleição passada. Da forma que podia, o eleitor foi dando seus sinais ao longo da última década. Um dos que soube ler esses sinais foi Luiz Henrique da Silveira, quando buscou o empresário Udo Döhler para ser o candidato do (P)MDB a prefeito de Joinville em 2012.

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A fórmula deu certo com a eleição e reeleição do empresário, já na reta final de seu segundo mandato na cidade mais populosa do Estado. Döhler trazia para o tradicionalíssimo e já desgastado ninho emedebista a imagem do empresário bem-sucedido, que não precisaria da política para beneficiar-se pessoalmente. De certa forma, a eleição de João Dória (PSDB) como prefeito de São Paulo em 2012 tinha o mesmo componente – embora as fábricas do joinvilense produzam coisas concretas.

Fórmulas que dão certo eleitoralmente são naturalmente copiadas. Na eleição seguinte à primeira vitória de Döhler, dois nomes de figurino semelhante conquistaram cidades que estão na órbita de Joinville – Antídio Lunelli (MDB) em Jaraguá do Sul e Renato Lobo (PSD) em São Francisco do Sul. Em termos de patrimônio, ambos deixam bem para trás o empresário joinvilense. A declaração de bens de Renatinho, com é conhecido o francisquense, listava quase R$ 50 milhões, enquanto a de Antídio trazia impressionantes R$ 280 milhões – a de Döhler em 2016 era de, aspas, modestos R$ 11 milhões.

Passados quase três anos das gestões dos empresários novatos na política em Jaraguá do Sul e São Francisco do Sul, Antídio e Renatinho, oriundos do setor privado, enfrentam em maior ou menor grau antagonismo com a morosa e burocrática máquina pública. Mas é interessante notar como a política mexeu com ambos.

Desde que o deputado federal Celso Maldaner (MDB) assumiu o MDB-SC, o nome de Antídio vem ganhando destaque internamente. Se conquistar a reeleição em Jaraguá do Sul, entra na vitrine da majoritária – com um discurso antipolítica e conservador que lembra mais o bolsonarismo do que o emedebismo, mas que ainda procura um líder no Estado.

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Ao mesmo tempo, Renatinho mostra enfado com a experiência. Semana passada, em entrevista à jornalista Júlia Vieira, do Correio Francisquense, repetiu que não pretende disputar a reeleição e expressou descontentamento com a falta de atenção do Estado e da União para a mais antiga cidade do Estado. Há tempo para que mude de opinião e sofrerá pressões nesse sentido, mas, até agora, parece que a mosca azul andou apenas por Jaraguá do Sul.

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