Enquanto Comandante Moisés (PSL) e Gelson Merisio (PSD) vivem as expectativas de estarem a cinco dias de um segundo turno pelo cargo de governador do Estado, a política catarinense já deu início a outra disputa política que só deve ser concluída em fevereiro do ano que vem. Na Assembleia Legislativa, as costuras pela presidência do parlamento estadual estão começando.
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Se as pesquisas forem confirmadas e Moisés vencer a disputa, o cargo ganhará peso extra. Primeiro, porque indicará claramente a nova correlação forças políticas do Estado – considerando que a Assembleia estará renovada em 22 das das 40 cadeiras. Com a maior bancada eleita – nove deputados – o MDB poderá garantir a governabilidade ao candidato do PSL e isso certamente passará pela presidência.
Segundo, porque Moisés e seu núcleo político nunca tiveram experiência semelhantes às que vão viver à partir de janeiro, caso ele seja eleito, e o presidente da Assembleia pode acabar se transformando em um fiador da gestão. O PSL fez a segunda maior bancada, com seis integrantes, todos novatos. Deputado estadual mais votado do Estado, Ricardo Alba (PSL) inicialmente se destaca na turma não só pelos 62,7 mil votos, mas por ser o único com experiência parlamentar – seus quase dois anos como vereador em Blumenau.
Nessa lógica, o MDB já se movimenta para buscar a presidência. Mais votado do partido, Valdir Cobalchini vai pleitear junto à bancada a condição de candidato. Tem como argumento principal que o partido detém o maior número de parlamentares, mas sabe que precisará costurar maioria. Com os seis nomes do PSL e os eleitos dos partidos que apoiaram Mauro Mariani (MDB) no primeiro turno – três do PR e dois do PSDB – alcançaria 20 votos. Ironicamente o voto vencedor poderia vir de um pessedista: Júlio Garcia, inimigo íntimo de Merisio.
Toda essa projeção depende de quanto Moisés, se eleito, e a própria bancada do PSL estarão dispostos a ceder ao jogo da política. As costuras vão levar em conta outros postos legislativos de vital importância para o governo, como as presidências das comissões de Constituição e Justiça e de Finanças. A dúvida é se o governo do PSL vai aprender a jogar o jogo e quanto estará dispostos a fazê-lo.
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Trato de Moisés a maior parte do texto não só por ele ser o favorito do momento e por ser o candidato que carrega o discurso da antipolítica, mas porque o movimentos serão mais previsíveis caso Merisio vença. O pessedista larga de uma base de 16 eleitos. Precisaria conquistar mais cinco adesões para emplacar um aliado na presidência da Assembleia – um nome cotado inicialmente era do de Milton Hobus (PSD). Com o atual quadro, é possível que precise compor com os cinco nomes de PR e PSDB, que se jogarem juntos podem ficar bem posicionados qualquer que seja o eleito.
É um jogo interessante de acompanhar, ainda mais que ano que vem um fator aglutinador de bases governistas deixará de existir: o imenso volume de cargos comissionados no Executivo. Afinal, tanto Merisio quanto Moisés garantiram que vão extinguir mais de mil dessas posições. Cobraremos.