Na mesa de negociações das composições políticas, uma frase ecoou algumas vezes: “esta eleição vai passar por Blumenau”. O acerto final das principais chapas no último dia do prazo legal, domingo, deixou claro esse componente com a definição dos candidaturas de Décio Lima (PT) a governador os acertos que fizeram de João Paulo Kleinübing (DEM) vice de Gelson Merisio (PSD) e de Napoleão Bernardes (PSDB) vice de Mauro Mariani (MDB).

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Há tempos que a maior cidade do Vale do Itajaí e terceira mais populosa do Estado clama por maior força política e participação nas decisões do poder em Santa Catarina. Em parte, esse esforço fez colocou os últimos ex-prefeitos da cidade nas chapas majoritárias – o que garante um deles, e apenas um, no núcleo decisório do governo estadual ano que vem.

As condições que levaram os três as candidaturas foram muito diferentes. Azarão na disputa entre os maiores partidos, o deputado federal Décio Lima lidera a tentativa de reconstrução do PT catarinense. Encerrar o período de redução de votos e bancadas é a prioridade; o segundo turno, um sonho.

Duas vezes ex-prefeito, o deputado federal João Paulo Kleinübing buscar subir de nível na política estadual, alçar à majoritária. Viu seu caminho bloqueado no PSD pelo ímpeto e apetite de Merisio e buscou caminho alternativo no DEM – com as bênção de lideranças que acabaram ficando no ninho pessedista. Lançou-se ao governo sem estrutura, ensaiou negociações para ser vice de Paulo Bauer (PSDB) ou Mauro Mariani (MDB) e acabou atrelando seu destino ao de Esperidião Amin (PP) – aceitando ser vice de uma candidatura que não vingou. O acertou de Amin e Merisio fez com que precisasse aceitar ser vice do pessedista ou concorrer à reeleição como deputado federal com o MDB.

De todos, Napoleão Bernardes foi quem teve o final mais surpreendente no fim das contas. Até abril, era comum ver o nome do então prefeito de Blumenau como o vice dos sonhos de qualquer candidatura. Jovem, reeleito em 2016, carismático. Após a renúncia, no entanto, consolidou a pré-candidatura a senador e manteve-se fiel no apoio à candidatura de Bauer ao governo. Ignorou a mosca azul que pica aqueles que passam a ser constantemente apontados para a candidatura principal. Na última semana, seu nome foi colocado na mesa como o único que poderia aglutinar uma aliança ampla entre PSDB, PSD e PP.

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Nunca será possível saber se a proposta, de origem pessedista e com a contrapartida cruel de que Bauer não poderia ser candidato a nada, era para valer ou um blefe para isolar e fragilizar os tucanos. Certo é que a reação do PSDB foi aceitar o convite oposto, dos emedebistas, e Napoleão virou candidato a vice de Mariani. O jovem tucano tinha uma eleição interessante para o Senado, como nome de renovação em um cenário de lideranças consolidadas, mas acabou convocado para uma missão partidária.

Ganhar ou perder é do jogo – o jogo que começa agora. Décio, João Paulo e Napoleão vão encarar uma disputa em que a vitória é sair do processo maiores do que entraram. Por enquanto, estão fazendo a eleição passar por Blumenau.