Aquela velha metáfora de trocar os pneus de um carro com ele em movimento, usada para situações difíceis e de reinvenção, é pouca para o governo de Carlos Moisés (PSL). O momento atual estaria mais para uma mudança de motor. É o que se vê nestas três semanas em que está vaga a Secretaria da Casa Civil, núcleo político e supervisor de gestão do governo como um todo.
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Após a dramática queda de Douglas Borba, investigado no caso dos respiradores fantasmas, e a breve passagem de Amandio João da Silva Junior, o governador Moisés convenceu-se de que a pasta deve ampliar o esforço de articulação política. Algo que ele mesmo traduziu, na entrevista que me concedeu na semana que passou, como “trabalhar a linguagem política”.
Sem articuladores políticos experientes no mercado, Moisés deixou de lado a pressa pela escolha de um nome e recorreu ao que tinha mais próximo: o deputado federal Fábio Schiochet (PSL), presidente estadual da sigla. Nas últimas semanas, o parlamentar fixou-se em Florianópolis para tocar uma aproximação com a classe política, especialmente a Assembleia Legislativa. Não significa que vá assumir a Casa Civil, mas atua em uma espécie de intervenção.
Coube a ele, especialmente com Moisés afastado pela convalescença do Covid-19, conversar com deputados estaduais e o presidente da Alesc, Júlio Garcia (PSD), nas últimas semanas. Vai tentar reaglutinar uma base mínima de apoio.
A tarefa é dos mais difíceis, Moisés e Schiochet sabem disso. Neste momento, ambos estão alinhados no diagnóstico de que é necessário reduzir as tensões, ouvir mais do que falar, entender o que deu errado até agora na articulação política do governo. E saber, inclusive, ceder. A receita não é nova e nem exótica, tem sido utilizada inclusive pelo presidente Jair Bolsonaro neste momento de acomodação com o Congresso Nacional através de acenos e acordos com o chamado Centrão. Em Brasília, a tensão diminuiu e a República vive dias politicamente mais leves.
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Vai ficando

Enquanto o governo não define quem será o sucessor de Borba e Amandio no comando da Casa Civil, o adjunto Juliano Chiodelli (à esquerda) vai tocando a pasta. Na quarta-feira, acompanhou Paulo Eli, da Fazenda, em audiência no Comissão de Finanças da Alesc para falar das emendas impositivas. Chiodelli chegou à Casa Civil em maio e antes presidia Junta Comercial do Estado.
Alívio das emendas
O governo Moisés conseguiu um respiro na angustiante relação com a Assembleia Legislativa ao definir o pagamento das emendas impositivas de 2020, com cronograma publicado no Diário Oficial do Estado e uma regulamentação simplificada, com repasse direto às prefeituras beneficiadas. Serão pagos R$ 171, 8 milhões para emendas dos parlamentares, sendo R$ 135 milhões até metade de agosto. Lembrando que o pagamento das emendas é obrigatório.
Herança cara
As polêmicas emendas impositivas foram aprovadas pela Alesc em 2017, último ano do governo Raimundo Colombo (PSD), que não conseguiu resistir à sua implantação, mas minimizou o impacto estipulando que 50% dos valores fossem destinados à Saúde e 25% à Educação. Eduardo Pinho Moreira (MDB) assumiu em 2018 e não pagou, deixando a conta para Moisés. Desse pendura, ainda falta quitar quase R$ 50 milhões.
Franco atirador
Foi grande a surpresa com a saída do jornalista Gonzalo Pereira da Secretaria Executiva de Comunicação do governo Moisés para assumir a condição de pré-candidato do PSL a prefeito da Capital. No Centro Administrativo, no entanto, já se falava sobre a possibilidade de apresentar um nome que fizesse a defesa do governo estadual na campanha. O figurino cabe a Gonzalo – lembrando que o PSL tem o maior tempo no horário eleitoral. O lançamento não deve encerrar as conversas com o MDB e o PP.
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Concisas
– Carlos Moisés tem pedido conselhos a políticos experientes. Um dos que recebeu foi de dar um jeito de fazer as pazes com a vice Daniela Reinehr. Não será fácil.
– Apresentar valores e cidades atendidas pelas emendas impositivas dos deputados estaduais no Diário Oficial do Estado é um golaço de transparência. Mas vai dar uma ciumeira.
– O governador escolheu Renan Soares de Souza, primeiro colocado na lista tríplice da categoria, para comandar a Defensoria Pública do Estado nos próximos dois anos.