Ninguém foi mais leal ao governador Raimundo Colombo (PSD) em seus dois mandatos do que o secretário da Casa Civil, Nelson Serpa (PSD). Como dizem os políticos, talvez alguém tenha sido tão leal quanto, mas não mais. A saída de Serpa do cargo, hoje, depois de ter passado os sete anos no coração do governo – foi procurador-geral do Estado, secretário da Fazenda e ocupa a Casa Civil desde 2013 – é um dos gestos mais emblemáticos do fim precoce da gestão do pessedista.

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Serpa recebeu algumas das principais missões dos anos Colombo. Procurador-geral, focou na redução dos litígios judiciais entre Estado e servidores públicos. Na Fazenda, fez a transição de Ubiratan Rezende para Antonio Gavazzoni no auge da crise causada pela resolução do Senado que igualou as alíquotas do ICMS para importação e gerou o pânico de que os portos catarinenses deixassem de ser competitivos. Entre as compensações negociadas estão os financiamentos que deram origem ao bilionário Pacto por Santa Catarina. Na Casa Civil, Serpa comandou uma redução de estruturas que ficou aquém do possível, mas desidratou as antigas secretarias regionais, fundiu as agências reguladoras e extinguiu Codesc e Cohab. 

Há meses que Serpa indicava o desejo de deixar o governo. Colombo segurou o aliado e colega até o último momento. A saída acontece 10 dias antes da licença que marca o início de fato do governo do vice Eduardo Pinho Moreira (PMDB). No final da manhã de ontem, encontrei um Serpa aliviado, mas satisfeito com o trabalho que fez. Admitiu que gostaria de ter avançado mais na redução da máquina estatal. O Deter poderia ter sido incluído na fusão das agências, a SC Par poderia ter virado um órgão específico para os portos, a redução de secretarias – regionais ou não – poderia ser maior. Disse que temeu enviar um pacote que fosse rejeitado pela Assembleia Legislativa, como aconteceu recentemente no Rio Grande do Sul. 

Outro debate que ficou pelo caminho foi a rediscussão dos repasses aos poderes, hoje donos de 21% do orçamento. A única tentativa efetiva aconteceu no primeiro mandato e não houve espaço para conversa.

— Levamos o tema para a mesa e não encontramos ambiente. Se a gente fosse tentar impor, íamos gerar uma crise. Mas é um tema que não pode sair do radar de quem vai continuar governando. Não tenho a receita, se tivesse teria implementado.

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Espera-se que algum candidato a governador assuma essa bandeira. Até hoje não apareceu.

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