Durante boa parte de 2017, especulou-se a data de renúncia do governador Raimundo Colombo (PSD). Era pressionado pelo vice Eduardo Pinho Moreira (PMDB) a deixar o cargo no final do ano e sofria pressão oposta do deputado estadual Gelson Merisio (PSD) para entregar a caneta aos peemedebistas apenas em abril, no último dia e última hora da data legal para deixar o cargo e poder ser candidato. Ceder a uma ou outra pressão seria indicativo de alinhamento a um ou outro projeto.

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Ao seu estilo, Colombo escolheu um meio-termo. Uma saída aos poucos, que começa nesta sexta-feira, quando ele pede uma licença de um mês e deixa Pinho Moreira com carta branca para já conduzir uma gestão com sua cara. A renúncia, efetivamente, será só em abril, mas o pessedista não esconde que mesmo depois do final da licença deve se recolher aos bastidores e deixar o vice governar.

Antes mesmo de assumir a caneta, Pinho Moreira peemedebistou o governo. Forçou nos bastidores a antecipação da saída do deputado estadual Vicente Caropreso (PSDB) da Secretaria de Saúde e indicou o aliado Acélio Casagrande (PMDB) para o posto. Não esperou Nelson Serpa (PSD) deixar a Casa Civil para anunciar que promoveria Luciano Veloso Lima, também peemedebista. O mesmo acontece na Fazenda, com Paulo Eli. Na Segurança, o estilo acadêmico de Alceu Pinto também não está totalmente fora desse contexto – o nome veio através do prefeito Gean Loureiro (PMDB), que o indicou procurador-geral na Câmara de Vereadores de Florianópolis quando presidente.

Com a caneta nas mãos, Pinho Moreira ainda precisa dar alguns toques para completar a equipe. Já fez um apelo público para que os secretários que são deputados estaduais deixem os cargos para que ele possa ter um secretariado coeso desde o início do curto mandato. Alguns não ouviram, outros pedem para ficar até inaugurações de obras. O caso mais sensível é a presença de Valmir Comin, do adversário histórico PP, na Secretaria de Assistência Social. Pepista e afinado ao projeto de Merisio, deve sair.

As escolhas de nomes de bastidor ou de fora da política indica algo quase óbvio: Pinho Moreira vai responder por todas as áreas, sem compartilhar holofotes. Até junho precisa mostrar a cara para viabilizar-se candidato. Outro fator a ser considerado agora é a postura do PSD. Ano passado, Merisio defendia que o partido deixasse os cargos quando Pinho Moreira assumisse. Essa posição até pode ser estendida a abril, na posse de direito. Ficar pode soar como indicativo de perda do controle do partido. Ou uma solução ao estilo de Colombo.

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