Antes deste domingo, o deputado estadual Aldo Schneider (MDB) driblou a morte algumas vezes desde 2017. O câncer que enfrentou com bravura foi tema recorrente na Assembleia Legislativa nos últimos meses. Quem frequenta o Palácio Barriga Verde acompanhou o esforço de parlamentar para frequentar as sessões, para assumir a presidência do Legislativo, para iniciar a campanha pela terceira reeleição – interrompida oficialmente apenas na semana passada, poucos dias antes da morte em Balneário Camboriú, onde estava internado.

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Nos dois mandatos que cumpriu na Assembleia, Schneider marcou seu estilo pela forte atuação regional e pela discreta habilidade política. Do MDB, era quem mais tinha trânsito com o outro lado – leia-se o PSD de Gelson Merisio. Não à toa, foi o escolhido para dividir o mandato de presidente com o pepista Silvio Dreveck – uma costura difícil e que talvez não tivesse sido concretizada com outro nome emedebista.

Pelo acordo, Schneider ficou com o segundo ano do mandato, 2018. Seria a apoteose do MDB, com o partido assumindo a Alesc e o governo estadual, com Eduardo Pinho Moreira, praticamente ao mesmo tempo. Já debilitado pela doença, ele assumiu o comando do parlamento. Dias antes de Pinho Moreira tomar posse efetiva do governo, em abril, Schneider ficou afônico. Mesmo assim, comandou toda a cerimônia que recolocou o MDB no poder – emocionando os presentes pelo esforço.

Em fevereiro de 2015, minutos depois da eleição que confirmou a divisão do mandato para presidência, Dreveck chamou Schneider para concederem juntos a primeira entrevista coletiva. Com o microfone na mão do emedebista, ficou claro que uma liderança regional estava entrando para o time dos protagonistas da política estadual. O irônico destino fez com que o esse momento de apoteose viesse acompanhado pela doença, pelas dúvidas sobre se conseguiria manter-se na política, na vida. A Assembleia e a política catarinense perderam uma voz ponderada e conciliadora – justamente em um momento histórico em que esse perfil mais fará falta.

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