Eram muitos os caminhos e possibilidades da Assembleia Legislativa em relação ao governador Carlos Moisés (PSL) quando a semana começou. Na quarta-feira, no entanto, o caminho foi traçado quando o presidente Júlio Garcia (PSD) iniciou a sessão com a leitura dos pareceres da procuradoria da Casa para cinco dos seis pedidos de impeachment apresentados este ano – acolhendo um deles.

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A decisão pegou boa parte dos deputados, lideranças políticas e o Centro Administrativo de surpresa, porque os sinais dados até a véspera era de que apesar das pressões crescentes dos parlamentares oposicionistas os processos ainda continuariam mais algum tempo sob análise jurídica. A cautela tinha aval de Júlio Garcia, que gosta de repetir a frase do ministro Luiz Roberto Barroso, do STF, de que o impeachment não é algo em uma prateleira para ser usado a qualquer momento.

Os dias que antecederam a sessão de quarta-feira acenderam o caldeirão político com a forte reação dos oposicionistas às respostas de Moisés às 15 perguntas feitas pela CPI dos Respiradores. O relator Ivan Naatz aponta que o governador mentiu, o governo diz que o parlamentar dissemina fake news. O barulho das oposições e a constatação de que o governo continua sem qualquer base de apoio falaram mais alto. Na fim da tarde de terça, Júlio recebe os pareceres. Na manhã de quarta conversa com Naatz, que promete encerrar a CPI em até dez dias. Horas depois anuncia que vai aceitar o pedido embasado pela procuradoria.

O caminho natural do impeachment seria a CPI dos Respiradores ser concluída, um relatório de Naatz responsabilizar o governador pelos erros administrativos que levaram à desastrada compra de R$ 33 milhões e isso embasar um novo pedido de impeachment. Ao levar adiante o pedido baseado em um controverso e hermético aumento salarial dos procuradores do Estado questionado em janeiro por um espalhafatoso defensor público, a Alesc escolhe um caminho que não é o natural. Um caminho que só foi escolhido porque a vice-governadora Daniela Reinehr é incluída neste processo e não no dos respiradores. De todos os caminhos e possibilidades que tinha até o início da semana, a Alesc apostou na nova eleição.

Enquanto isso 

Moises e Pazuello com Amin e Jorginho ao fundo
Moises e Pazuello com Amin e Jorginho ao fundo (Foto: Júlio Cavalheiro. Secom/Divulgação)

Enquanto na Alesc o processo de impeachment tornava-se algo real, o governador Carlos Moisés recebia o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, na Casa d’Agronômica. Na mesa, havia possíveis candidatos à cadeira de governador nas eleições regulares de 2022, como os senadores Esperidião Amin (PP) e Jorginho Mello (PL). E se for antes?

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Frase da semana

A possibilidade de Moisés não ser afastado está muito mais na mão dele próprio do que do parlamento.

Paulinha (PDT), ainda líder do governo na Alesc, em entrevista à CBN Diário.

Reforma da previdência vai andar

Eclipsada por pandemia, respiradores, crise política e etc, a reforma da previdência estadual deve voltar a andar a partir de terça-feira, quando a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alesc vota o parecer do relator Maurício Eskudlark (PL) após quatro meses de adiamentos e conversas de bastidor em busca de acordos para um texto final. Ainda sem acordo, o parecer deve ser aprovado e enviado à Comissão de Finanças.

A grande questão é a portaria do Ministério da Economia que exige aprovação as reformas estaduais e municipais até o final do mês. Esse é o cronograma que está sendo levado em conta na Alesc, mas alguns deputados entendem que o prazo só se aplica aos entes que não fizeram o aumento da alíquota paga pelos servidores para 14% – aqui realizado na reforma de 2015 do governo Raimundo Colombo. A reforma atual implanta idades mínimas, entre outras questões.

Alternativa em Chapecó

O prefeito chapecoense Luciano Buligon (PSL) não desistiu de tentar criar uma alternativa à provável polarização entre o ex-prefeito e ex-deputado federal João Rodrigues (PSD) e o ex-prefeito e deputado federal Pedro Uczai (PT). Para isso, ele tenta convencer a deputada federal Caroline de Toni (PSL) a entrar na disputa. Ela continua irredutível – alega que foi eleita para ser base do governo Jair Bolsonaro. Caroline defende o nome de Leo Granzotto, que foi candidato a deputado federal pelo Novo em 2018 e está no Patriota.

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Concisas

– Bruno Souza (Novo) defende que a reforma da previdência inclua a taxação dos aposentados que ganham mais de um salário mínimo. Valdir Cobalchini (MDB) propõe que seja acima de três salários.

– É impressionante ver uma reforma de previdência tramitar sem o menor interesse por parte do governo que a patrocina. Mais um dos ineditismos da nova política.

– Os mais veementes defensores do impeachment de Moisés nas redes sociais faziam campanha de olhos fechados pelo 17 nas últimas eleições. Na próxima, votem de olho aberto.

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