Maior partido de Santa Catarina em qualquer critério objetivo ou subjetivo que possamos utilizar, o PMDB vai viver uma situação raríssima em sua história na política estadual. Na tarde desta terça-feira, o deputado estadual Aldo Schneider assume a presidência da Assembleia Legislativa – dez dias antes do vice-governador Eduardo Pinho Moreira começar a herdar o governo do Estado.

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Apenas em 1987 e 1988 os peemedebistas colocaram as mãos ao mesmo tempo no governo e na Assembleia Legislativa. Pedro Ivo Campos era o governador do Estado, o primeiro do partido. Juarez Furtado foi escolhido presidente de um Legislativa que na época tinha apenas sete legendas. O sucesso inicial do Plano Cruzado fizera do PMDB um sucesso eleitoral. Dos 40 parlamentares estaduais, 19 eram peemedebistas.

Ao longo do tempo, a fragmentação partidária fez com que a lógica dos acordos se sobrepusesse ao tamanho das bancadas. Mesmo voltando ao governo com Paulo Afonso Vieira e Luiz Henrique da Silveira, o partido nunca mais havia conseguido repetir o combo. A legenda só voltou ao comando da Assembleia em 2014, no tumultuado mandato do deputado estadual Romildo Titon, já com Raimundo Colombo (PSD) no governo.

Pinho Moreira e Schneider assumem os dois poderes estaduais sujeitos ao voto popular pela via do acordo político. Na reeleição de Colombo, em 2014, estava implícita sua renúncia para concorrer a senador na eleição seguinte e a posse do peemedebista no cargo. No caso do deputado estadual do Alto Vale, a costura foi ainda mais complexa: uma triangulação com o ex-presidente Gelson Merisio (PSD) e o PP de Silvio Dreveck garantiu os votos para uma mandato dividido entre o pepista e o peemedebista, mas compartido nos cargos desde o primeiro dia.

É por causa dessa triangulação prévia que a substituição se dá sem sobressaltos. Poucos cargos serão modificados – a procuradoria-geral, a diretoria da TVAL entre eles. A expectativa fica por conta do estilo pessoal de Schneider – talvez mais desinibido que o discreto Dreveck – e a tabela com Pinho Moreira a partir de 16 de fevereiro. O ano eleitoral impõe amarras e não há perspectiva de que o futuro governador leve propostas de impacto para o Legislativo avaliar. Mas é conveniente prestar atenção a esse raro momento em que as duas canetas politicamente mais importantes do Estado estão nas mãos do PMDB.

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