Assim que começam as notícias do frio, o brasileiro, sem dinheiro para estar no inverno europeu, pensa em visitar a neve que em junho ou julho cairá em Santa Catarina.   

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Basta que os termômetros desçam para a marca de um dígito, que os campos de São Joaquim e de Lages se tinjam de branco – senão com o branco da neve, pelo menos com o branco da geada.

Já há hotéis dotados de boa calefação, lareiras, lounges, informação e uma boa programação cultural – indoor e outdoor, barzinhos e ambientes aconchegantes, “aquários” com vista para o movimento das ruas, em São Joaquim ou numa Lages adaptadas ao turismo do clima. É hora das nossas cidades serranas imitarem a boa estrutura de alguns hotéis-fazenda, que já fizeram a lição de casa – e vão colhendo os frutos do seu investimento.

Nosso “circuito do frio” precisa aprender com Campos do Jordão, que conta com toda a infraestrutura do turismo sazonal. Hotéis com calefação monitorada e uma “bandeja” recheada de produtos voltados à gastronomia do frio – os pinhões e seus derivados, fondues, raclettes, quiches e toda sorte de bebidas quentes, alcoólicas ou não, que fujam ao proverbial café com leite ou do simples chocolate.

Só temos um consolo: em Campos do Jordão jamais cairá aquela neve cinematográfica que, de vez em quando, abençoa São Joaquim, Urupema, Urubici, Lages e outros refúgios engastados nos poleiros da serra.

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Ainda não estamos plenamente preparados para receber as visitas do frio. Somos como os ingleses, que não sabem lidar com as novidades do seu veranico. Lá o Verão não é bem uma estação, é uma “visita”. Quando “baixa”, como um santo de macumba, eles correm, excitados, para os seus parques, deitam-se seminus na grama, fazem piquenique, tomam cerveja quente nas calçadas dos Pubs.

É na sua estação, o Inverno, que os súditos de Sua Majestade desfilam seus “cashmeres”, seus minks, seus astracãs, seus “kilts” e suéteres de lãs nobres. Então, as Harrods, Selfridges, Dickens & Jones, Liberty’s, Jaegger, Army & Navy e tantas outras catedrais do consumo prestam seu “serviço” ou “desserviço”, conforme o gosto de cada freguês. Muitas vezes conseguem vestir mal a quem paga bem.

É só conferir alguns chapéus de péssimo gosto, flagrados no casamento de Megan e Harry, reunidos a reluzente e bizarra realeza, de sapatos novos e figurinos idem.

Por enquanto, nossa serra não precisa de esnobismos. Precisa, sim, de algum conforto para os visitantes do frio.

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