Começa amanhã a grande esbórnia, o verdadeiro império de Momo, com suas marchinhas temáticas e o nosso bom Gilmar bombando na letra de maior sucesso da temporada: 

Continua depois da publicidade

“Alô, alô Gilmar!/ Eu tô em cana, vem me soltar!”

Para premiar os políticos que se destacaram na categoria Cola nos Dedos, foi criado o Troféu Petrobras de Ouro, que, a exemplo da Copa do Mundo, será de caráter transitório.

O político que conquistar a cobiçada taça três vezes seguidas, ou cinco alternadas, terá o direito de levá-la para sua Larápioteca particular, na sala nobre de sua casa.

A festa do contribuinte indignado é “carnavalizar”. Carná é licença para pecar. Os bailes de Carnaval são os “aperitivos”. E a eleição das rainhas e princesas são os Bota-Gostos. Nos salões e nas churrasqueiras, a carne está na brasa, no mais alto dos sentidos.

Continua depois da publicidade

Carná é a permissão para transgredir quase todos os códigos, com a promessa do misericordioso perdão da quarta-feira de cinzas. Aliás, se o perdão vigora o ano inteiro no país da impunidade, não haverá de ser revogado logo no Carnaval.

O tríduo de Momo é uma espécie de estatística do IBGE ao contrário: nele não há desemprego, nem déficit habitacional, nem inadimplência ou excesso de cáries. O que há é a almejada felicidade coletiva, como se o Brasil, num passe de mágica, amanhecesse transformado nas Ilhas de Thomas Morus e Campanella – trapiches de todas as boas utopias.

Pois agora o Carnaval junta a todas essas tradições o Baile dos Cola nos Dedos, um pagode carnavalesco capaz de homenagear os corruptos mais notáveis, aqueles que em algum momento até que renunciaram à vida pública – a vida pública é que teima em jamais renunciar a eles.

***

Que bom que o Carnaval vem aí, na sua forma mais autêntica e desabrida: a da gozação geral e irrestrita. Para o contribuinte brasileiro, nada é mais gratificante: contra o cinismo dos maiorais, o bom humor é a única saída.

Continua depois da publicidade

A máscara do Gilmar lidera as vendas, junto com a do Pixuleco e a da não menos hilária “ministra” Cristiane Brasil.

Gracinha. Qual será a máscara de político que vai encalhar na prateleira?

Leia todas as crônicas de Sérgio da Costa Ramos