Num Brasil limpo e bem comportado, não haverá políticos salvadores, nem horário político na televisão. Computadores governarão o país com o maior sucesso e sem o menor problema: farão as contas certas, cumprirão os prazos da infraestrutura, controlarão a saúde e a segurança – e, o melhor de tudo: serão 100% honestos!
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Joesley e Wesley Batista ainda cumprirão penas na Papuda, suas “casas” até 2100 – o que combinará com a nova expectativa de vida do ser humano. Pior para os “irmãos trampolineiros”: esse tão festejado acréscimo vital e científico ocorrerá atrás das grades.
A duração da vida humana será consideravelmente alongada, depois da “Ultra-Vacina”, o imunizador geral que aumentará para 120 anos a expectativa de vida, assegurando o prêmio Nobel a um médico brasileiro. Os estragos que ontem chamávamos decrepitude serão eliminados pela pílula que prevenirá o Alzheimer e a degradação biológica.
O problema nos primeiros dias de 2050 será a superpopulação. A Ilha de Santa Catarina abrigará nada menos do que 3 milhões de pessoas, 80% das quais acima dos 60 anos. Todos muito “joviais” e sarados. O último casamento – com padre, noiva, noivo, fraque, cartola e grinalda – ocorrerá em 2030, sob a figueira da Praça XV, em evento gravado e “tombado” pelo Patrimônio Histórico, Artístico e Social.
O tradicional enlace será considerado “demodée” e, os que acontecerem, não durarão mais do que alguns dias – “até que a vida os separe”. Saírão o romantismo e a fidelidade, entrarão o hedonismo e a polissexualidade.
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Com o desenvolvimento de sistemas de computação capazes de administrar Estados e nações, os governos se tornarão desnecessários – o que ajudará a acabar com o flagelo da burocracia. Alguma corrupção remanescerá em países como o Brasil, mesmo sendo o que terá desenvolvido mais softwares para combater a roubalheira.
A semana de trabalho será de apenas três dias e a maioria absoluta da população trabalhará em casa, sob a supervisão do “HAL/2”, um primo-irmão daquele mostrado no filme de Stanley Kubric.
O melhor: quem governa será sempre uma máquina suprapartidária, que nunca se filiará a qualquer partido político.
Cumprirá o seu papel sem pensar no próprio bolso. Aliás, robô nunca terá bolso, nem mala, nem cueca cheia de dólares.
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Não será um grande progresso?
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