Todo jogo da Seleção está associado à comilança. É preciso ganhar “sustança” para aguentar o sofrimento. No último Brasil x Costa Rica o primeiro gol foi nascer aos 91 minutos, sem cesariana. Como o jogo começara às nove da “matina”, o café da manhã obrigou-se a uma grande fartura, com direito a pãezinhos de queijo e “croissants”.

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E como será hoje, três da tarde, com a obrigação de “não perder”, sob pena de voltar pra casa mais cedo? O que teríamos pra comer neste meio de semana, com um cardápio fora de hora? Retardar o almoço ou preparar só um lanchinho?

Além de “almoçarmos” o time adversário, cairia bem um frescal com pirão, uma picanha fatiada, e, com esse “friozim”, um “bobó” de camarão feito por uma baiana gorda… Quanto menos jogasse a Seleção, mais a torcida teria que forrar e encher o bucho.

O homem não vive sem o sabor. Imaginem o infeliz que tivesse perdido o paladar. Como seria a vida sem os prazeres do gosto? Vida em que um vivente recebesse com igual prazer ou indiferença um filé de baby-beef argentino ou o rim assado de um rato?

Associando-se esta Copa a um campeonato de sabores, quem vai vencer nesta rodada? O estrelado Brasil ou a científica Sérvia, país de futebol correto, herdado da antiga Iugoslávia?

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Melhor será se a comida for boa. E não um mero improviso. Pizza, não, gente. O prato nacional italiano é de uma simplicidade digna de São Francisco de Assis. Só fica bem nas CPIs do Congresso.

Na mesa desta quarta-feira seria apenas uma massa de pão coberta de ingredientes variados, como queijo mussarela, molhos de tomate, presunto picado, rodelas de lingüiça, manjericão, orégano, alho frito e outros complementos. Enfim, um mata-fome sem grande sofisticação.

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Já os camarões e as carnes nobres freqüentam o céu de todas as torcidas, principalmente o “céu da boca”. Não é à toa que a carne está freqüentemente associada às boas coisas da existência. Uma “carne de vento”, por exemplo. Põe-se a desidratar um frescal ao ar livre, encarcerando-o no alto de uma gaiola, o dorso picado por injeções de manteiga líquida. Atiça o paladar dos comedores de carne e “pede” uma cervejota de acompanhamento.

Quanto ao jogo… Bem, que vença aquele que não atrapalhar a nossa mastigação.

 

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